| 19/02/2008 11h09min
As ruas de Havana amanheceram calmas nesta terça-feira em que o líder cubano Fidel Castro anunciou que não continuará como chefe de Estado e comandante-em-chefe da revolução.
Poucos já sabiam no começo da manhã de hoje que os jornais oficiais cubanos publicavam em suas primeiras páginas a mensagem com o anúncio da renúncia do líder da revolução de 1959, após quase meio século no poder.
— Quem disse? — perguntou surpreso Armando, de 69 anos, guardador de carros do bairro de El Vedado, em Havana.
Com lágrimas nos olhos, ele assentiu com a cabeça e completou:
— Ele está muito mal, é normal.
Para Alberto, de 32 anos, profissional do setor de serviços, Fidel, de 81 anos, "deve ter tido uma recaída".
— Está assim há muito tempo — acrescentou, em referência à recuperação de 19 meses do líder cubano devido a uma grave doença intestinal que o acometeu em julho de 2006.
Na época,
Fidel anunciou a delegação provisória de seus cargos a seu irmão Raúl, 76.
— Não se engane. Embora ele diga que não é presidente, continuará olhando os papéis e dizendo isto sim, isto não. Fidel vai continuar mandando — acrescentou Alberto.
— Acho que fizeram isso para que deixem de dizer que Raúl é o primeiro vice-presidente, o segundo secretário (do Partido Comunista), o ministro, e já o chamem de presidente — opinou o segurança Gustavo, de 28 anos.
Ele acredita que, independentemente de Raúl Castro assumir a Presidência, em Cuba não haverá mudanças a curto ou médio prazo:
— Aqui as coisas devem ser feitas a seu tempo. Não é porque Fidel deixará de ser presidente que as coisas mudarão da noite para o dia.
Um motorista que não quis identificar afirmou que a renúncia de Fidel Castro é "algo lógico", já que não era possível estender por mais tempo a situação pela qual passa Cuba com um presidente interino há 19 meses.
— Era evidente que ele renunciaria — afirmou, antes de acrescentar
que a mudança será "para melhor".
Sem alterar sua
programação e sem dar grande destaque à notícia, os veículos cubanos de rádio e televisão — todos estatais — se limitaram a reproduzir sem comentários a mensagem do chefe da revolução, publicado nos jornais oficiais Granma e Juventud Rebelde.
Fidel Castro anunciou que não pretende nem aceitará "o cargo de presidente do Conselho de Estado e comandante-em-chefe", o que representa sua renúncia definitiva, após 50 anos no poder.
Mensagem de Fidel foi publicada nos jornais oficiais Granma e Juventud Rebelde
Foto:
Reprodução, Granma
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