| 02/11/2007 23h33min
No ano passado, a Petrobras alertou o governo sobre o risco de um corte no fornecimento de gás natural, segundo o site G1. É o que revela o conteúdo de correspondências de autoridades do setor energético. As cartas foram escritas pelo presidente da estatal, José Sérgio Gabrielli, o ex-diretor de gás e energia da empresa, Ildo Sauer, o ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, e o presidente da Agência Nacional de Energia Elétrica, Gerson Kellman.
A troca de correspondências começou em 2006, com a discussão sobre a possibilidade de enviar gás natural para as usinas termelétricas e evitar falta de energia no país em caso de queda no nível dos reservatórios. Em setembro do ano passado, o presidente da Petrobras alertou o ministro de Minas e Energia.
— O atendimento de demanda acima dos volumes implicaria em cortes de consumo Petrobras e do consumidor industrial.
Em março deste ano, o ex-diretor de gás e energia reforçou:
— O
deslocamento do gás natural para atender usinas
termelétricas provocaria uma desorganização do mercado de gás natural, com prejuízos para a sociedade, que voltaria a consumir combustíveis mais caros — diz trecho da carta.
O então ministro de Minas e Energia cobrou do presidente da Petrobras um plano de expansão da oferta de gás para o abastecimento de usinas termelétricas e disse que não poderia admitir nenhuma fragilidade em um momento em que o governo buscava aceleração do crescimento do país.
Em abril, o fornecimento de gás para termelétricas virou obrigação, de acordo com termo de compromisso assinado pelas autoridades. Só que, nesta carta, Gabrielli deixou claro o descontentamento com a medida.
— A Petrobras está empenhada em cumprir os compromissos, apesar de questionamentos, sobre obrigações legais e contratuais. Os cronogramas acordados estão fora do controle e da ação da Petrobras.
Socorro vizinho
No momento que o
Brasil precisava de gás, a Argentina pediu ajuda ao presidente Lula. E o
presidente da Petrobras relatou à Aneel. Diante da crise da Argentina, a Petrobras reduziu a quantidade de gás importado da Bolívia. A medida permitiu que os bolivianos enviassem mais gás para a Argentina.
Depois, houve a revisão do termo de compromisso. A Petrobras foi multada, entrou com recurso e, nos últimos dias, tirou gás das distribuidoras para enviar às usinas termelétricas, como previsto há um ano.
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