| 16/04/2007 07h00min
A denúncia de existência de um novo mensalão, desta vez na Infraero, aumenta as chances de o Congresso instalar uma CPI para investigar o caos aéreo brasileiro. Na edição de final de semana, a revista IstoÉ revelou uma investigação em andamento pela Polícia Federal do Paraná sobre a existência de um suposto esquema de propinas na Infraero.
As suspeitas envolvem diretores da instituição que exigiriam pagamentos por parte de empresas que exploram publicidade e executam obras em aeroportos brasileiros. Contratos, cópias de recibos, depósitos bancários e arquivos de computador, entregues à PF pela empresária Sílvia Pfeiffer, estariam relacionados ao superfaturamento e licitações irregulares constatadas por auditorias do Tribunal de Contas da União (TCU) na estatal.
A empresa de Sílvia, a Aeromídia, teria feito depósitos em dinheiro de até R$ 20 mil em contas correntes de parentes de diretores da Infraero e até repassado automóveis a eles. Era a forma de garantir que os serviços da empresa fossem contratados para o Aeroporto Affonso Pena, em Curitiba.
O esquema teria se repetido em outros Estados. Em Brasília, por exemplo, a Infraero teria criado uma situação irregular para veicular, com a intermediação da Aeromídia, anúncios feitos pelo publicitário Duda Mendonça, marqueteiro da primeira campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para uma empresa de telefonia. Os anúncios seriam veiculados sem licitação e sem um contrato formalizado.
Sílvia, que se diz disposta a depor em uma CPI, também respingaria o escândalo no ex-presidente da Infraero deputado Carlos Wilson (PT-PE). De acordo com ela, um assessor da estatal, Eurico José Bernardo Loyo, fazia os "acertos" nos contratos da Aeromídia em nome de Carlos Wilson. Para a empresária, o superfaturamento de até 357% nos materiais e nas obras de aeroportos brasileiros, verificado pelo TCU é uma das origens da propina cobrada.
Alvo de críticas desde que teve início a crise no setor aéreo brasileiro no ano passado, a Infraero divulgou nota oficial, rebatendo as denúncias. A empresa, vinculada ao Ministério da Defesa e responsável pelo gerenciamento das operações aéreas no país, diz que suas atividades são amplamente fiscalizadas por 10 instâncias. "Em nenhum desses órgãos há, sobre quaisquer dos assuntos levados ao noticiário, condenação de qualquer espécie contra a instituição ou seus dirigentes".
Além da Câmara - que aguarda decisão do Supremo Tribunal Federal para a abertura da CPI -, os oposicionistas ao governo no Senado anunciaram quinta-feira que têm assinaturas necessárias para requerer nos próximos dias a instalação de uma comissão.
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