Em reunião na noite desta terça-feira com a cúpula do PDT, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva surpreendeu e ofereceu ao partido duas opções: Previdência ou Trabalho. A informação é do secretário-geral do PDT, Manoel Dias, que participou do encontro ao lado do presidente do PDT, Carlos Lupi.

Com isso, o petista Luiz Marinho, amigo de Lula, deverá trocar de ministério, passando do Trabalho para a Previdência. Como só faltava contemplar o PDT entre os partidos aliados, o presidente agora só precisa definir quem ficará à frente do Desenvolvimento Agrário para fechar a reforma ministerial.

Desde o início das negociações com os aliados ficou acertado que o PDT ficaria com o Ministério da Previdência e Lupi já dava com favas contadas sua indicação para o cargo. Mas Lula se irritou ao saber que a maioria dos deputados de partido assinou o requerimento que pedia a criação da CPI do Apagão Aéreo. O presidente, então, deixou a definição sobre a pasta em banho-maria e só retomou as conversas depois que a bancada pedetista ajudou o governo a sepultar a CPI na votação no plenário da Câmara.

Ainda assim, não se cogitava outra pasta para o PDT que não fosse a Previdência. A grande surpresa foi a entrada do Ministério do Trabalho entrar na negociação.

O líder do PDT na Câmara, Miro Teixeira (RJ), disse que a opção do partido pelo Trabalho tem o respaldo da bancada, que se reuniu no final da tarde para discutir o assunto, assim que Lupi deixou o Planalto. Segundo Miro, 60% da bancada apoiou a opção pelo Trabalho.

– Fiz a consulta na bancada e deu 60% a 40% em favor do Trabalho e não do Ministério da Previdência. Tem a ver com toda a linha trabalhista que rege o PDT, que passa pela questão do Trabalho, de João Goulart. Aliás, o último ministro trabalhista a ocupar o Ministério do Trabalho foi o João Goulart - disse Miro.

O líder do partido negou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tivesse desistido de oferecer a Previdência ao partido devido ao fato de o PDT votar sistematicamente contra as propostas do governo na área previdenciária.

– Ele colocou uma alternativa. Mas, no caso da Previdência, não mudaríamos nossas posições – disse Miro Teixeira.