| 28/11/2006 23h48min
A participação ou ausência de Fidel Castro na sua festa de aniversário, neste fim de semana, será irrelevante, porque já começou uma bem-sucedida sucessão de poder, afirmou nesta terça-feira Julia Sweig, do Conselho de Relações Exteriores (CFR). Depois de se submeter a uma operação intestinal, Castro delegou o poder temporariamente a seu irmão Raúl, dia 31 de julho, o que tem provocado especulações dentro e fora da ilha.
No dia 2 de dezembro, Fidel Castro deverá aparecer em público para a festa dos 50 anos do começo da luta armada contra o regime do ditador Fulgencio Batista. Ao mesmo tempo, vai comemorar com atraso os seus 80 anos, que completou dia 13 de agosto.
– Há muita especulação sobre sua ausência ou participação. Mas acho que isso não é o principal, porque depois das festas a dinâmica vai continuar. Teremos um forte sinal de que a transferência do poder está se transformando em algo mais permanente – disse Sweig, diretora do Programa de Estudos Latino-americanos do CFR.
Raúl Castro, que no exercício da Presidência fez menos aparições em público e menos discursos que o irmão mais velho, apoiou no passado reformas que permitiriam a reativação da livre empresa. Mas não está claro o rumo a ser tomado quando Fidel Castro desaparecer do mapa político, segundo observadores.
Sweig admitiu que a morte do presidente cubano poderia criar uma vulnerabilidade não das forças internas, mas de setores do exílio cubano nos EUA, que vão querer aproveitar a situação mas sem compreender bem a dinâmica em Cuba. Para ela, os Estados Unidos podem desempenhar um papel importante na transição democrática na ilha, mas devem abandonar sua atual política. A especialista defende o fim do embargo econômico.
– Os EUA podem acabar com a mentalidade de assédio que tem dominado a política em Cuba e que permitiu ao próprio regime justificar sua permanência no poder durante quase meio século – opinou Sweig.
Ela acrescentou que o povo cubano deseja maiores oportunidades políticas e econômicas, mas também prefere reformas paulatinas, e não mudança de regime patrocinada por Washington. Segundo Sweig, em Cuba, ao contrário do que ocorreu na Europa Oriental durante a década de 80, os EUA não são vistos como um líder da democracia, e sim como um poder imperial e opressor.
A analista também observou que a mudança no Congresso dos EUA, onde os democratas passarão a ser maioria, oferecerá uma oportunidade para que os congressistas opostos ao embargo voltem a fazer pressão por uma mudança na política externa.
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