| 22/10/2006 20h56min
Um dia após insinuar que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria envolvimento na elaboração de um dossiê contra tucanos, o candidato à Presidência pelo PSDB, Geraldo Alckmin, disse neste domingo que os esquemas de corrupção em diferentes esferas do governo foram comandados de dentro do Palácio do Planalto, de onde Lula despacha. Alckmin gravou entrevista hoje à tarde para o programa Roda Viva, da TV Cultura.
A troca de acusações entre os candidatos voltou a esquentar com a divulgação, na sexta, de um relatório parcial da Polícia Federal sobre o dossiê. De acordo com as investigações, a operação foi coordenada por Jorge Lorenzetti, ex-chefe de inteligência do PT.
Neste domingo, o presidente Lula fez comício marcado por discursos de ataques a elites e à divisão de classes e disse que "foi Deus quem garantiu o segundo turno", porque assim pode-se mostrar quem é quem.
Depois de reclamar do "jogo sujo, das falsidades e mentiras" na campanha presidencial petista, Alckmin disse que Lula não tem compromisso com a verdade.
– Não posso imaginar que alguém que é presidente da República não tenha compromisso nenhum com a verdade. É um governo em que a corrupção é comandada de dentro do Palácio do Planalto e ninguém vê, mas nisso nem a velhinha de Taubaté acredita – disse Alckmin.
Conhecida por ser "a última pessoa que acreditava no governo", a velhinha de Taubaté, personagem de Luiz Fernando Veríssimo criada ainda durante o regime militar, foi "morta" pelo autor no ano passado.
Com a ressalva de que trabalha para ganhar a eleição no próximo domingo, Alckmin sugeriu na entrevista que dificilmente PT e PSDB formalizarão um acordo para o próximo mandato, independente de quem vença o segundo turno. Diante do raciocínio do tucano, os próximos quatro anos do novo presidente serão marcados por uma espécie de terceiro turno principalmente entre os dois partidos.
– O PT não pode exigir da oposição impunidade, querer que a oposição seja conivente com essa corrupção. Isso, não! – disse.
Ao fim da gravação do programa, Alckmin sustentou ainda mais a tese de que petistas e tucanos provavelmente manterão o tom beligerante que caracteriza a relação entre eles desde 1994, quando o tucano Fernando Henrique Cardoso derrotou Lula e ficou no governo nos oito anos seguintes.
– Quem ganha, governa. Quem perde, fiscaliza. Não querer fiscalização é não ter apreço pela democracia. Eu só espero que se o PT perder, eles façam uma oposição responsável, como o PSDB fez neste governo – disse Alckmin.
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