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 | 19/10/2006 19h05min

Ministro diz que informações das caixas-pretas não são conclusivas

Waldir Pires se encontrou com o coronel chefe da comissão investigadora

O ministro da Defesa, Waldir Pires, afirmou hoje que a transcrição das caixas-pretas dos aviões que colidiram no norte de Mato Grosso no último dia 29 de setembro ainda não traz informações conclusivas.

– As investigações carecem de um esforço para chegarem a conclusões. É preciso analisar ainda questões relacionadas a outros equipamentos e a fatores humanos – explicou.

Pires obteve informações sobre a transcrição das caixas-pretas ontem, em reunião com o coronel Rufino Antônio da Silva Ferreira, chefe da Divisão de Investigação e Prevenção de Acidentes da Aeronáutica e presidente da comissão que investiga o acidente. O coronel acompanhou a perícia nas caixas-pretas, realizada pela Organização da Aviação Civil Internacional (Oaci), no Canadá.

De acordo com o ministro, os registros das caixas-pretas confirmam que o transponder do jato Legacy não estava funcionando. O transponder é um equipamento que alerta para aproximações de outras aeronaves, e atua em conjunto com o mecanismo TCAS (Traffic Alert and Collision Avoidance System), que evita colisões no ar. Se os transponders do Boeing e do Legacy estivessem funcionando corretamente, o choque entre não teria ocorrido.

– Mesmo que o piloto não fizesse nada, se o transponder e o TCAS estivessem ativos nos dois aviões, automaticamente um avião partiria para a esquerda e o outro para a direita. Ainda não conseguimos saber se o equipamento do jato foi desligado, se houve uma pane, se havia algum defeito ou alguma desconexão – explicou Pires.

Waldir Pires reafirmou que os contatos entre o Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle do Tráfego Aéreo (Cindacta) e os pilotos do jato foram interrompidos minutos antes da passagem pelo espaço aéreo de Brasília. No último contato, segundo o ministro, os pilotos “informaram que estavam voando a 37 mil pés”.

– Apesar da comunicação não ter sido possível na passagem do jato por Brasília, se tinha um registro de radar, razoavelmente impreciso, em que o Legacy aparecia com 36 mil pés, com 35,8 mil pés. Então, pelo radar, acreditava-se que eles seguiam o plano de vôo.

De acordo com o plano de vôo, entre São José dos Campos (SP) e Brasília, o Legacy deveria manter a altitude de 37 mil pés. A partir daí, deveria descer a 36 mil pés e manter esta altitude até o ponto Teres, um marco virtual que auxilia no controle de vôos. Deste ponto até Manaus a altitude deveria ser de 38 mil pés.

– Nenhum avião poderia estar viajando a 37, 35 ou 39 mil pés depois da posição Teres, em direção à região Norte. Porque a posição Teres significa que você tem um conjunto de vôos vindo do norte. Todos eles em aerovias de nível ímpar – disse.

O ministro informou que ainda é procurado um complemento da caixa preta do Boeing, que está perdido selva.

– Ainda não achamos o cilindro de voz, que é algo muito importante.

O Boeing 737-800 da Gol caiu no norte de Mato Grosso depois da colisão, em pleno vôo, com um jato Legacy, fabricado pela Embraer (Empresa Brasileira de Aeronáutica). Nenhum dos sete ocupantes do jato saiu ferido. Todas as 154 pessoas que estavam no Boeing morreram.

AGÊNCIA BRASIL
 

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