| 17/10/2006 11h54min
O ex-presidente nacional do PT Ricardo Berzoini já está sendo ouvido na Polícia Federal, em Brasília, no inquérito que investiga a tentativa de compra de um dossiê que comprovaria o envolvimento do tucano José Serra, eleito governador de São Paulo, com a máfia dos sanguessugas. O depoimento estava previsto para as 14h, mas foi antecipado a pedido do petista. Os delegados da PF vão perguntar se ele tinha conhecimento das negociações de pessoas ligadas ao PT com a família Vedoin e sobre a origem do R$ 1,7 milhão que seria usado para comprar o documento.
Em depoimento à PF no mês passado, um dos acusados de envolvimento no caso, o ex-assessor da Presidência da República Jorge Lorenzetti, disse que Berzoini sabia da existência do material contra o PSDB, mas não tinha conhecimento que as negociações para que assessores do PT obtivessem o documento envolveriam dinheiro. Berzoini chegou à sede da PF por volta das 10h30min. Ele estava num carro com vidro escuro e não falou com os jornalistas.
Nesta segunda-feira, em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que afastou Berzoini do comando de sua campanha porque o ex-presidente do PT não conseguiu explicar a origem do dinheiro que seria usado na compra do dossiê.
– Chamei o presidente do partido lá em casa e falei: quero saber quem fez esta burrice, para não usar a palavra que eu estou pensando agora. Você (Berzoini), como presidente do partido, tem obrigação de dar uma resposta à sociedade. Ele não o fez, e, na quarta-feira, eu o afastei da coordenação da campanha – disse Lula.
Questionado por não ter reunido os petistas envolvidos no escândalo para cobrar explicações sobre a compra do dossiê, o presidente Lula disse que não cabia a ele fazer esse tipo de cobrança.
– O melhor que poderia acontecer, não para mim, mas para o Brasil, seria que as pessoas que fizeram essa sandice contassem elas mesmas, mas isso não aconteceu – completou.
Na entrevista, o presidente disse que a Polícia Federal tem a obrigação de descobrir a origem do dinheiro envolvido na frustrada transação.
– A ordem dada à Polícia Federal é que não deixe pedra sobre pedra. Pode demorar um dia, um mês ou um ano, mas que vamos descobrir, vamos – disse.
O presidente da CPI dos Sanguessugas, deputado Antônio Carlos Biscaia (PT-RJ), disse nesta segunda não ter dúvida de que a origem do dinheiro é criminosa:
– Que a origem é ilícita não há a menor dúvida. A origem do dinheiro é criminosa. Agora, dizer que é desta ou daquela atividade criminosa, ainda é prematuro e leviano – afirmou Biscaia, após se reunir com o delegado Diógenes Curado Filho, responsável pelo inquérito que investiga a origem do R$ 1,7 milhão.
AGÊNCIA O GLOBOGrupo RBS Dúvidas Frequentes | Fale Conosco | Anuncie | Trabalhe no Grupo RBS - © 2024 clicRBS.com.br Todos os direitos reservados.