O grupo de parlamentares de oposição ao governo na CPI das Sanguessugas definiu a estratégia para os próximos dias. A prioridade será a aprovação do requerimento que pede a convocação do deputado Ricardo Berzoini, presidente licenciado do PT. A oposição acredita que Berzoini têm condições de explicar como ex-petistas, que integravam o comitê da campanha de Lula à reeleição, arrecadaram R$ 1,7 milhão para negociar o dossiê, que tinha José Serra como alvo.

O requerimento só não foi aprovado na terça-feira por falta de quórum e pelo confronto na CPI, que inviabilizaram a reunião administrativa para a votação de requerimentos. O deputado Julio Delgado (PSB-MG), mas de oposição ao governo, admitiu que não há provas nem relatos da polícia federal que confirmem a atuação de Berzoini para arrecadar o dinheiro, como havia sido divulgado pela imprensa . Mas, isso não significa que ele não poderá auxiliar nas investigações.

– O delegado não afirmou que Berzoini tenha dado o sinal verde para a negociação do dossiê. Mas todos os envolvidos estavam subordinados a ele. Portanto, é razoável acreditar que ele conheça a operação. – afirmou Delgado pela manhã.

O jornal Correio Braziliense publicou reportagem nesta quarta-feira, na qual aponta que o delegado Diógenes Curado, da Polícia Federal, teria relatado para integrantes da CPI que Berzoini tinha autorizado a negociação do dinheiro. Dois parlamentares de oposição, que estiveram com o delegado, negam que Diégenes tenha feito esta declaração.

A polícia federal identificou mais de 700 contatos telefônicos entre Hamilton Lacerda e a direção nacional do PT. Lacerda era o coordenador da campanha do PT ao governo de São Paulo e é apontado como o homem que liderou a negociação do dossiê com a família Vedoin. O presidente da CPI, deputado Antônio Carlos Biscaia (PT-RJ), negou que esteja protegendo o ex-presidente do partido.

- Não tem nada de pressão. Se alguém está fazendo pressão, é o outro lado. - rebateu Biscaia.

A próxima reunião, que pode determinar a convocação de Berzoini, está marcada para terça-feira da semana que vem. Enquanto isso, os parlamentares aguardam a documentação que deve chegar de Cuiabá, com todos os dados relativos à investigação do dossiê. Os documentos já estão disponíveis, mas não chegaram nesta quarta-feira porque o pedido oficial ainda não foi encaminhado por Biscaia à justiça federal do Mato grosso. O presidente da CPI pretende requisitar o material apenas no início da próxima semana.

ROBERTO MALTCHIK/AGÊNCIA RBS, BRASÍLIA