| 30/09/2006 14h12min
Chegou a hora. O exercício da democracia leva neste domingo os brasileiros às urnas para escolher seus governantes para os próximos quatro anos (oito anos, no caso dos senadores). Segundo os números mais recentes divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em junho de 2006, 125.913.479 pessoas estão habilitadas (e obrigadas por lei, a maior parte delas) a cumprirem seus deveres cívicos neste, optando por cinco das 19.075 pessoas que solicitaram candidatura ao TSE. Os cidadãos que poderão apertar as teclas das urnas, para votar em deputado federal, deputado estadual, senador, governador do Estado e presidente da República, serão 10 milhões a mais que os que estavam aptos a fazê-lo em 2002, quando o país tinha 115.253.834 eleitores.
A oportunidade de escolher o rumo do país, no entanto, esteve, em boa parte do período da campanha, ameaçada por um rumor que pedia uma mudança no comportamento de todo esse povo. Impulsionados pela decepção causada pelas sucessivas denúncias de escândalos envolvendo o governo federal, uma legião de brasileiros pregava o voto nulo.
Foi divulgado que, caso, do total de votos, 50% mais um fossem nulos, as eleições seriam anuladas. Campanhas e mais campanhas circularam pela internet e pelas ruas, conclamando à anulação do voto, em protesto contra a crise política. Entretanto, no dia 6 de setembro, o presidente do TSE, Marco Aurélio Mello, disse que a regra não existe, explicou que estava se fazendo uma leitura errada da lei, e acabou definitivamente com o mito. A nulidade à qual artigo 224 do Código Eleitoral faz menção, e que pode causar a marcação de novo pleito, refere-se, na realidade, aos votos anulados por fraude ou acidente, e não de propósito, pelos eleitores, como manifestação de contrariedade.
Independente se votantes em nulo, branco, ou “eleitores indecisos”, desde as eleições de 2002, uma tendência está estampada no eleitorado brasileiro: as mulheres são maioria. Do total de cerca de 126 milhões de eleitores, 64,8 milhões (51,53%) é do sexo feminino, aproximadamente 4 milhões a mais que os homens. Há quatro anos, elas já eram 50,85% do total, excedendo a quantidade de representantes do sexo oposto em aproximadamente 2,2 milhões.
A única região do país em que os homens são a maior parte dos eleitores (50,2%) é a Norte, mas a diferença vem caindo. Por outro lado, o maior percentual feminino fica no Nordeste (51,89%). As mulheres também lideram os brasileiros que moram no Exterior e podem votar para presidente. São 52.484 eleitoras, 60,77% do eleitorado que vive fora do país. Elas também são maioria quando o voto não é obrigatório, entre jovens de 16 e 17 anos e os maiores de 70 anos.
Entre os candidatos, porém, a proporção não é a mesma. Apesar do crescimento progressivo nos últimos pleitos, as candidatas mulheres respondem por 15% do total, em todas as instâncias de votação. O Brasil e o Rio Grande do Sul, que nunca foram governados por mulheres, têm candidatas concorrendo aos cargos máximos. Para presidente, Heloísa Helena (P-Sol) e Ana Maria Rangel (PRP) disputam espaço com os homens, enquanto na corrida ao Palácio Piratini, Yeda Crusius (PSDB) tenta fazer história e ser a primeira mulher a dirigir o Estado.
O eleitorado jovem também vem crescendo. Os adolescentes de 16 e 17 anos têm direito ao voto, mas para eles, assim como para os maiores de 70, é facultativo. Mesmo com o aparente desinteresse da juventude pela política, e com a não-obrigatoriedade do voto, já são 2.556.391 eleitores nessa faixa etária, cerca de 300 mil a mais que em 2002. O número representa aproximadamente 2% do total do país.
Dos cerca de 2 milhões de brasileiros que vivem no Exterior (a maioria deles nos Estados Unidos), 86.359 se cadastraram em embaixadas e consulados, e poderão votar para presidente. Serão instituídos postos de votação somente em cidades com pelo menos 30 brasileiros alistados para votar. A Justiça Eleitoral já enviou quase 300 urnas para mais de 100 cidades, de 58 países. São 240 eletrônicas e 55 de lona.
No Rio Grande do Sul, 7.750.583 pessoas poderão se expressar nas urnas amanhã. São 400 mil a mais que em 2002. Do total, 51,65% (mais de 4 milhões) são mulheres, e 1,8% (138.089) têm entre 17 e 18 anos. Entre os jovens, há 5 mil meninas a mais que meninos, diferentemente de 2002, quando havia mil homens a mais, nessa faixa etária.
O maior colégio eleitoral do país continua a ser o Estado de São Paulo, com cerca de 28 milhões de eleitores (22,27% do total), seguido por Minas Gerais (13,7 milhões, 10,86% do total) e Rio de Janeiro (10,9 milhões, 8,65% do total). Os menores colégios eleitorais estão na Região Norte. Roraima tem o menor número de eleitores (233,6 mil, 0,19% do total), seguido por Amapá (360,6 mil, 0,29%) e Acre (412,8 mil, 0,33%).
Esse pleito será marcado também – além das implicações políticas, como a entrada em vigor da cláusula de barreira – pela modernidade logística, como os últimos realizados no país. A urna eletrônica, tecnologia em que o Brasil é pioneiro, está completando 10 anos de implementação. Graças ao método, até à meia-noite de segunda, deverão estar apurados 95% dos votos do país, segundo o TSE. Em 1989, o anúncio oficial de Collor como presidente levou 45 dias.
Por ocasião dos 10 anos da urna eletrônica, a próxima inovação já está planejada. Nas eleições municipais de 2008, será testado em três Estados o "voto eletrônico", que dispensará o uso do título de eleitor de papel. O votante será identificado pela impressão digital, ao apertar três dedos em um equipamento que acompanhará a urna. O TSE já tem 25 mil unidades do aparelho e pretende realizar as eleições de 2012 integralmente pelo novo sistema.
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