| 24/09/2006 14h57min
A Polícia Federal de Cuiabá vai abrir um inquérito para apurar especificamente o envolvimento do empresário Abel Pereira no caso do dossiê que pretendia envolver políticos na compra superfaturada de ambulâncias através de emendas parlamentares. A assessoria de imprensa do delegado Diógenes Curado Filho confirmou neste domingo que a investigação deve começar amanhã ou, no mais tardar, terça.
O empresário terá um processo à parte, segundo a PF, por ter sido citado nos depoimentos dos principais personagens da investigação em curso.
Ele seria peça-chave do esquema que está sendo investigado também pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos Sanguessugas. O esquema que usava verbas do Orçamento Geral da União envolveria parlamentares, o Ministério da Saúde e empresas que vendiam equipamentos médicos, como a Planam, dos empresários Luiz Antônio e Darci Vedoin. O empresário teria participado da liberação de emendas na gestão de Barjas Negri no Ministério da Saúde, quando Fernando Henrique Cardoso era presidente. Negri assumiu a pasta após ter sido secretário-executivo de José Serra, atual candidato ao governo paulista.
O envolvimento de Abel Pereira com o escândalo do dossiê tem aumentado desde que a história foi deflagrada, no dia 15, com a prisão de Gedimar Passos (agente aposentado da PF) e Valdebran Padilha (filiado ao PT de Mato Grosso) num hotel de São Paulo, com R$ 1,7 milhão. No mesmo dia, a revista IstoÉ publicou entrevista com os irmãos Vedoin, da Planam, acusada de comandar o esquema fraudulento de compra de ambulâncias. Na revista, disseram que o esquema nunca funcionou bem na gestão Serra. Na quinta passada, à Polícia Federal, Luiz Vedoin negou que Serra tenha participado do esquema.
Outra acusação de Luiz Antônio Vedoin que pauta a apuração do imbróglio foi dada um dia antes da prisão em São Paulo. Ele disse ao Ministério Público que repassava dinheiro a Abel Pereira para se beneficiar nas licitações do Ministério da Saúde. O novo inquérito da PF vai tentar comprovar a propina.
A movimentação financeira que mais gera dúvidas no momento é a origem do dinheiro encontrado com Gedimar e Valdebran, parte em reais e parte em dólares, que seria utilizada, supostamente, para comprar o dossiê. Até o momento, a PF só divulgou o nome de três bancos (Bradesco, Bank Boston e Safra) e duas agências, nas cidades de Caxias (RJ) e Campo Grande (MS) de onde teriam saído os valores.
Integrantes da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos Sanguessugas reclamaram na sexta que o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), ligado ao Ministério da Fazenda, ainda não informou os números das contas por onde passou o dinheiro.
A oposição acusa o governo de retardar as investigações e o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, diz que o processo eleitoral não pode ditar o ritmo policial e judicial.
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