| 29/08/2006 12h20min
Na abertura da sabatina a colunistas do jornal O Globo, a candidata à Presidência pelo P-Sol, senadora Heloísa Helena (AL), criticou a decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato do PT à reeleição, de não participar dos debates. Segundo ela, tal comportamento é sinônimo de "covardia e arrogância política".
– Seria importante que todos os candidatos pudessem participar, porque para mim não é cômodo atribuir responsabilidade e críticas sem a presença de todos eles. Espero que Lula compareça e não repita o comportamento que significa arrogância e covardia política – disse a candidata, que agradeceu o espaço para expor suas propostas, já que dispõe de pouco tempo no horário eleitoral. Heloísa lembrou sua origem humilde, mas afirmou não é do seu passado que mais se orgulha. E explicou: – O mais importante é que mesmo tendo nascido em um lugar humilde, toquei nos tapetes sagrados do poder e não me vendi, não me acovardei perante os que pensam que são donos dos corações, das mentes e dos destinos. O mundo da política é muito sedutor de enriquecer politicamente. A senadora disse estar muito feliz com o povo brasileiro, e afirmou que, embora haja muito desencanto no terreno político, disse que “estamos vivendo um momento de recuperação da esperança". – Quando uma esperança trai, a gente arruma outra. Eu me sinto preparada para voltar à sala de aula na Universidade Federal de Alagoas, para ser presidente da República e ajudar o povo brasileiro a fazer uma pátria soberana – afirmou. Ao ser perguntada pelo colunista Ancelmo Góis sobre a distinção do programa de governo e programa do partido, a candidata disse que não vai prometer o que não pode cumprir, mas sem deixar de lado seus ideais socialistas. Ela afirmou ainda que vai apresentar no dia 7 de setembro um manifesto do partido com o programa. – Eu aprendi a ser socialista na Bíblia e lendo Graciliano Ramos também. Então, para mim, sociedade socialista é algo muito claro e nunca cobramos isso do governo. Não vamos golpear a Constituição. Eu jamais negarei a minha concepção de socialismo, mas quero ter a certeza de que lutei para construir isso, a democratização do Estado brasileiro. Temos que diminuir esse maldito abismo que separa as pessoas no Brasil. Se eu pensasse outra coisa diferente, teria coragem de defender, pois não sou mercadora de ilusão. Só defendo aquilo que eu acredito – afirmou.Ao responder a uma pergunta do colunista Fernando Calazans sobre como fazer inclusão social e a massificação do esporte, Heloísa Helena disse que introduzir a música e as atividades esportivas pode evitar que as crianças sejam arrastadas pelo narcotráfico.
– A primeira década da vida de uma criança é fundamental até chegar ao ensino superior. Introduzir o esporte a cultura e a música tem de ser algo que aconteça desde o primeiro ano de vida de uma criança. Não pode é essa cantilena enfadonha de que dinheiro não há. As crianças de 0 a 10 não podem esperar.
Heloísa Helena é a segunda convidada da série de entrevistas com os principais candidatos à Presidência da República na sede do jornal O Globo, no Rio.
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