| 17/05/2006 20h34min
O técnico de áudio Arthur Vinicius Pilastre Silva confirmou hoje à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Tráfico de Armas que vendeu por R$ 200 a advogados de líderes do Primeiro Comando da Capital (PCC) a cópia da gravação de depoimentos feitos quarta-feira passada em sessão secreta da CPI.
Segundo o deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), as conversas da reunião tratavam da transferência de membros do PCC, facção criminosa nascida nos presídios de São Paulo, sobre a situação de presos e sobre o ingresso de armas e celulares nas prisões. Na ocasião, foram ouvidos o delegado titular do Departamento de Investigações sobre Crime Organizado (Deic) de São Paulo, Rui Ferraz, e o diretor do órgão, Godofredo Bittencourt.
Silva é um funcionário terceirizado da Câmara e atuava na Casa há três anos. Ele foi demitido. Ao depor ontem na CPI do Tráfico de Armas, ele disse que vendeu as informações para os advogados de integrantes do PCC Sérgio Wesley da Cunha e Maria Cristina de Souza Rachado. Ela representa o líder do PCC Marco Camacho, conhecido como Marcola.
– Não sabia qual era o conteúdo do material. Quando vi no final de semana as ondas de protesto em São Paulo, pensei: 'Será que isso tudo é por causa dessa gravação?' Por isso me coloquei a disposição para colaborar com tudo – disse no depoimento.
– A idéia do dinheiro me tentou. Infelizmente não ganho bem – afirmou.
Os advogados lhe disseram que o dinheiro que estavam pagando (quatro notas de R$ 50) era "um café", porque eles não estavam preparados para aquela situação. Mas fariam contato por e-mail para negociar o restante, com cuidado de não escrever nada que pudesse comprometê-los. O relator da CPI do Tráfico de Armas, deputado Paulo Pimenta (PT-RS), deseja
a prisão dos advogados porque, segundo ele, existem provas de que os dois não estavam exercendo advocacia, "são parte integrante do PCC, são bandidos". O deputado Luiz Antonio
Fleury Filho (PTB-SP) afirmou que também deve
ser solicitada à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) a suspensão dos direitos de advocacia dos dois profissionais.
Pimenta nega que a reunião fechada realizada na semana passada tenha tratado sobre a transferência de presos em São Paulo. A declaração é reforçada pelo presidente da CPI, deputado Moroni Torgan (PFL-CE).
A onda de violência que levou terror a São Paulo e assustou o Brasil desde a sexta-feira passada teria tido como estopim a transferência em massa de mais de 700 presos – muitos dos quais líderes do PCC – para unidades penitenciárias do interior do Estado.
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