| 15/05/2006 09h53min
O presidente da Bolívia, Evo Morales, disse hoje que pretende fazer alianças com forças políticas e sociais que defendam estratégias de "transformações profundas", como as que ele busca impulsionar em seu país.
Morales fez a declaração antes de reunir-se em Paris com o líder dos socialistas franceses, François Hollande, no penúltimo ato de sua visita de 24 horas à cidade, antes de um encontro com o diretor-geral da Organização da ONU para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), Koichiro Matsuura.
Em um breve pronunciamento à imprensa, o presidente boliviano disse que as forças progressistas têm a obrigação de aliar-se e de compartilhar experiências sobre como desenvolver políticas adequadas para seus países e a comunidade internacional.
– Temos que respeitar a vida e defender nossos compromissos" em assuntos políticos, econômicos e sociais, disse Morales, junto a Hollande, que lhe classificou como "símbolo de uma esquerda que venceu na América Latina, um continente que está dirigido quase que em sua totalidade por formações progressistas.
Hollande ressaltou que com Morales a Bolivia "quer recuperar sua soberania econômica com base no respeito às leis internacionais", e apontou a importância que tem "a batalha travada para que a água seja considerada um bem de interesse geral em escala mundial".
O diário de cunho comunista L'Humanité publica hoje uma entrevista com Morales. O líder boliviano insiste na ocasião em seus controversos argumentos aplicados no caso das nacionalizações.
– A Bolívia exercerá seu direito à propriedade de recursos naturais, e não somente no caso dos hidrocarbonetos, respeitando os direitos das empresas de recuperar seus investimentos. Por isso demos 180 dias para eventuais negociações e já começamos a falar com as companhias Petrobras, Repsol e Total – comenta.
O governante boliviano esteve em Viena para participar da cúpula União Européia (UE)-América Latina, uma experiência "importante para buscar soluções, embora os interesses dos grupos sempre predominem e os governos não expressem a vontade dos povos".
Uma das conclusões dessa reunião é que "é preciso respeitar a decisão soberana dos povos e dos Estados sobre seus recursos naturais", avaliou Morales, que lamenta que a imprensa tenha criado a impressão de que há confrontos entre seu governo e o do Brasil pela nacionalização dos hidrocarbonetos.
Sobre as relações com Cuba e com a Venezuela, Morales diz que são "incondicionais" e reconhece que tem "aprendido muito" com o presidente cubano, Fidel Castro, e o venezuelano, Hugo Chávez.
Após a reunião com Matsuura na Unesco, Morales se deslocará a Estrasburgo (leste da França), onde fará um discurso no plenário do Parlamento Europeu.
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