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 | 11/04/2006 10h38min

Resta esperança para a família Varig

Casal de funcionários mostra as dificuldades que enfrenta

No dia 6 de junho de 2000 a comissária de bordo Adriana Rocha embarcou numa viagem só de ida. A funcionária da Varig queria passar mais um dia nas praias de Torres, sua terra natal, e fez o possível para evitar o vôo entre Porto Alegre e Recife naquele dia. Não deu, e Adriana se viu obrigada a voar sob o comando do desconhecido comissário Max Soares.

Hoje, o casal divide a angústia e um apartamento quase vazio em Porto Alegre. Ameaçados pela crise da companhia, os dois não vêem futuro caso a Varig suspenda as atividades. Adriana, de 38 anos, e Max, de 37, se consideram "aerovelhos". Ou seja, não têm mais idade para entrar em uma nova companhia.

– Temos um amor pela empresa e não nos imaginamos trabalhando em outra companhia. A Varig é uma mãe para os funcionários – diz Max.

Sem curso superior e com mais de 15 anos de aviação, o casal também não teve a oportunidade de desenvolver outras carreiras antes de entrar para a comissaria, quando tinham 20 e poucos anos. Adriana e Max já sentaram e discutiram as alternativas, mas não saíram do lugar. Começar um negócio próprio? Com tantos impostos e juros altos? A única saída, avaliam, é se agarrar nas últimas esperanças de salvação da companhia.

– Se a gente tiver que apagar a luz, a gente vai apagar. Mas a gente tem confiança – afirma o comissário, com um sorriso no rosto.

O bom humor e a confiança do casal contrasta com as perspectivas. Eles compraram um apartamento em janeiro, quitado numa única parcela, mas o atraso nos salários impediu a aquisição da nova mobília. O cheque especial de Adriana está permanentemente estourado, e ela não recebeu o salário integral de março. O décimo terceiro não veio no ano passado. Nem no retrasado.

No entanto, Adriana explica que os funcionários da empresa ainda acreditam numa solução. O governo pode dar mais prazo para os pagamentos de combustível e de taxas portuárias, duas das dívidas de curto prazo mais sérias da empresa, ambas de estatais – a Infraero e a BR Distribuidora. Ou pode fazer um "encontro de contas", isto é, descontar do passivo da Varig a dívida judicial que a União tem com a companhia referente ao congelamento de preços de bilhetes no início da década de 90.

Seja qual for a solução, Adriana e Max aceitam todos os sacrifícios para manter a estrela da Varig no céu. O único pedido é por uma definição. Rápida. Desde dezembro, pelo menos, a família está apreensiva com as sucessivas pioras no estado financeiro da companhia.

– O que está matando a gente de cansaço é a essa espera – desabafa Adriana.

ZERO HORA
 

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