| 29/03/2006 10h27min
A participação como convidado da reunião anual do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) será o primeiro teste do novo ministro da Fazenda, Guido Mantega, junto a investidores estrangeiros.
A expectativa de alguns organizadores do evento é de que Mantega deverá substituir seu antecessor, Antônio Palocci, em um café da manhã com representantes da comunidade internacional, previsto para segunda. Antes da troca de ministro em Brasília, a programação oficial previa uma palestra de Mantega, como presidente do BNDES, sobre o papel dos bancos de desenvolvimento.
– Mantega terá de dizer a que veio a uma seleta platéia. Esperamos que ele compareça, pois não há melhor lugar para que o novo ministro da Fazenda se apresente – comentou uma graduada fonte do banco que está em Belo Horizonte.
Ao lado do ministro do Planejamento, Paulo Bernardo - governador do BID pelo Brasil - Mantega também terá como desafio defender que o organismo multilateral de crédito empreste mais recursos para o setor privado. Seria uma forma de acelerar a execução de projetos no mecanismo de parcerias público-privadas. A delegação brasileira também quer que o BID se volte mais para financiamentos de transferência de renda e que, ao mesmo tempo, leve em conta as peculiaridades de cada país da região.
O lote de propostas do Brasil é bastante amplo. Preocupado com a necessidade de se aprofundar a integração física na América do Sul, o governo brasileiro espera uma sinalização do banco quanto à possibilidade de serem financiados projetos de infra-estrutura envolvendo mais de um país, como rodovias, usinas hidrelétricas e portos.
A reunião, que começa nesta quarta e termina no dia 5 de abril, terá como tema central a atuação do BID - presidido pelo colombiano Luis Alberto Moreno - nos próximos anos. No caso dos empréstimos ao setor privado, limitados a até 10% do capital do banco, uma alternativa em discussão seria a ampliação deste percentual.
Segundo fontes que trabalham na organização do evento, estão inscritas cerca de 12 mil pessoas, número recorde para uma reunião anual do BID. Além de diversos ministros brasileiros e autoridades de outros países convidados, são aguardadas estrelas da economia mundial. São exemplos Joseph Stiglitz e Douglass North, ganhadores do Prêmio Nobel de Economia, e John Williamson, autor do chamado "Consenso de Washington". A presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda é vista como uma possibilidade.
Até domingo, Belo Horizonte será palco de uma série de seminários e painéis. Na segunda-feira, será aberta oficialmente a reunião de governadores do BID. Empresários, representantes de instituições financeiras e autoridades de 47 países estão desembarcando, desde a terça-feira, na capital mineira.
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