| 29/03/2006 09h56min
O primeiro-ministro interino de Israel, Ehud Olmert, começa hoje os contatos para formar uma nova coalizão de governo, após a vitória do Kadima, que obteve 28 das 120 cadeiras do parlamento nas eleições desta terça.
As negociações formais começarão quando o chefe do Estado, Moshé Katsav, após a rodada de consultas com todos os partidos, encomendar a Olmert a formação do governo, que terá que ser apresentado em 28 dias, que podem ser prorrogados por mais 14 dias caso haja dificuldades.
No entanto, fontes próximas a Olmert asseguraram hoje que o herdeiro político do ainda primeiro-ministro, Ariel Sharon, em coma desde janeiro, não terá grandes dificuldades para formar o governo nem para levar adiante seus planos políticos, como estabelecer as futuras fronteiras de Israel com um Estado palestino vizinho.
O deputado do Kadima Haim Ramon, que deixou o Partido Trabalhista para se filiar ao partido fundado por Sharon, deu hoje como certo que Olmert prestará juramento à frente do próximo governo em meados de abril.
Os 120 representantes da Knesset (Parlamento), entre eles 40 "caras novas" e 17 mulheres, prestarão juramento em 17 de abril.
Após a apuração dos votos, entre os 12 partidos presentes no Parlamento dominarão os que vão do centro à esquerda do espectro – ou "campo da paz" – aliados "naturais" de Olmert, enquanto os do "campo nacionalista" militarão na oposição, com 32 cadeiras.
Assim, Olmert pode chegar a formar uma coalizão apoiada por uma folgada maioria de 78 deputados para levar adiante seu programa para uma retirada negociada do território palestino da Cisjordânia, ou então para fazer a operação unilateralmente.
Nessa coalizão podem estar, além dos 28 parlamentares do Kadima, os 20 do Partido Trabalhista-Meimad (Dimensão), os 13 do Partido ortodoxo Shas (Guardiães da Torá Sefarditas), os 7 do Gil (Idade) - a grande surpresa das eleições -, os 6 do ortodoxo Yahadut Hatorá (Judaísmo Unido da Torá) e os 4 da frente pacifista Meretz (Vigor).
A aliança também pode ter o apoio dos 10 deputados de três partidos da minoria árabe, se o novo governo fizer uma retirada da Cisjordânia, território ocupado que os palestinos reivindicam para formar seu estado independente.
No entanto, os palestinos temem que o governo liderado por Olmert, em vez de negociar essa fronteira, se retire unilateralmente de uma parte da Cisjordânia – de onde desalojaria cerca de 80 mil dos mais de 200 mil colonos judeus presentes – e não atenda a suas reivindicações.
O porta-voz do Hamas, Sami Abu Zuhri, afirmou que "os israelenses elegeram o plano de Olmert (retirada unilateral da Cisjordânia) para aniquilar a questão palestina".
O primeiro-ministro interino israelense esclareceu nesta madrugada, ao saber da vitória do Kadima, que seu primeiro objetivo será negociar com os palestinos a futura fronteira na Cisjordânia. O encarregado da Autoridade Nacional Palestina (ANP) para as negociações com Israel, Saeb Erekat, pediu ao novo governo que "retome de imediato" as negociações de paz.
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