| 28/03/2006 17h27min
O mercado financeiro acalmou um pouco no final do dia, mas o dólar não escapou de subir novamente, pelo secundo dia consecutivo, repercutindo a troca de Antonio Palocci por Guido Mantega no Ministério da Fazenda e a decisão do Banco Central americano, o FED, de elevar a taxa de juro em 0,25 ponto percentual, para 4,75% ao ano. A moeda americana fechou a terça-feira em alta de 1,75%, cotada a R$ 2,207 na compra e R$ 2,209 na venda. Na máxima, chegou a ser vendida logo pela manhã a R$ 2,235, com alta de 2,94%.
A alta do dólar e as demais manifestações de nervosismo do mercado financeiro em relação às mudanças no Ministério da Fazenda não devem ser motivo de corrida para aplicações atreladas à moeda norte-americana. Especialialistas sugerem que momentos de instabilidade política não são os mais indicados para esse tipo de decisão. A sugestão do executivo é de que, quem tem dinheiro para investir, aguarde uma definição sobre quais serão os nomes que assumirão os postos-chave do ministério.
O mercado ficou apreensivo com a possibilidade do novo ministro Guido Mantega não seguir à risca a atual política econômica. Guido, que estava na presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), já criticou várias vezes Palocci pela política de juros altos. O nervosismo somente diminuiu um pouco depois que o atual ministro deu várias declarações reafirmando a continuidade da política econômica no Brasil. No discurso de posse nesta tarde, Mantega defendeu um desenvolvimento responsável e avesso a aventuras e ao entusiasmo infantil – ontem, ele já tinha afirmado que era favorável à redução das taxas de juros, mas sem prejuízo à inflação. Em entrevista coletiva à imprensa, o novo ministro reafirmou que não haverá mudanças no câmbio, que continuará flutuando. Segundo ele, essa política é adequada e não haverá retrocesso.
A saída de vários componentes de peso do ministério deixou o mercado atento. Além de Palocci, deixaram o governo o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Murilo Portugal, o secretário do Tesouro Nacional, Joaquim Levy, o secretário-adjunto do Tesouro, José Antonio Gragnani, e Marcos Lisboa, que pediu demissão do Instituto de Resseguros do Brasil (IRB).
A outra dúvida é com relação ao Banco Central nesse nova gestão, ou seja, que tipo de relacionamento Mantega terá com Henrique Meirelles, presidente do BC. Se houver mudanças, a curva de juros, com certeza, não será a mesma de hoje, segundo os economistas.
O primeiro teste de Mantega será na quinta-feira na reunião do Conselho Monetário Nacional que definirá a nova TJLP. Como presidente do BNDES Mantega havia sugerido redução dos atuais 9% ao ano para 7%. A expectativa é que agora, com direito a voto, seja mais comedido na definição.
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