| 24/02/2006 15h39min
A desaceleração da economia brasileira indicada pelo crescimento de 2,3% no Produto Interno Bruto (PIB), formou hoje a prova de que o Brasil está no rumo inverso das economias emergentes mundiais, conforme a classificadora de risco Austin Rating. Embora já esperado, o fraco resultado do PIB decepcionou os especialistas:
“Entre as principais economias emergentes e latino-americanas, o Brasil foi o país que, de longe, registrou a menor taxa de crescimento. O pior é que em um ano marcado novamente pela bonança internacional, o país conseguiu a 'façanha' de fazer seu PIB cair para menos da metade" declarou a empresa em relatório.
Com base em dados definitivos e projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI) e da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), órgãos da ONU, a Austin Rating concluiu que a economia brasileira "está na contramão", em comparação à de outros países considerados próximos na área.
Entre os países emergentes, o Brasil foi amplamente superado por seus rivais, liderados pela China, cujo PIB cresceu no ano passado 9,9%, assim como pela Índia (+7,1%) e a Rússia (+5,5%).
No contexto latino-americano, o Brasil também ficou para trás. Segundo projeções da Cepal, o desempenho do Brasil só supera o do Haiti, país que vive uma grande instabilidade política e para o qual foi calculada uma expansão de 1,5% em 2005.
Analistas consideram que o resultado do PIB brasileiro é reflexo de problemas crônicos do país, como as altas taxas de juros e a elevada carga tributária, além da crise política do governo Lula.
– No ano passado tivemos um ajuste fiscal que fez as taxas de juros subirem durante a maior parte do ano e uma crise de confiança na economia resultante da crise política – disse o economista Guilherme Maia, da empresa Tendências Consultoria Integrada.
Maia avaliou que para que o Brasil cresça de forma compatível com o tamanho de sua economia necessita de reformas efetivas nos setores previdenciário e tributário.
Para os especialistas, a alta registrada pelo PIB em 2005 deve induzir o Banco Central a acelerar cortes mais profundos na taxa básica de juros (Selic), que está atualmente em 17,25% ao ano.
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