| 21/02/2006 15h25min
O empresário João Antonio Setti Braga confirmou hoje que os donos de empresas de ônibus que operavam no município de Santo André, em São Paulo, durante a gestão do prefeito Celso Daniel (PT), eram obrigados a pagar mensalmente R$ 100 mil de propina ao então secretário de Administração, Klinger Luiz de Oliveira. Braga, que é um dos sócios da Expresso Nova Santo André, depôs na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos.
– A propina mensal, que classifico de uma autêntica extorsão, era considerada como um custo político para a gente trabalhar sossegado – disse Braga, ao informar que cabia ao empresário Ronan Maria Pinto, um dos sócios da Expresso Nova Santo André, intermediar toda a operação. Em depoimento no ano passado à mesma CPI, Ronan negou com veemência ter comandado a cobrança de propina.
João Antônio Braga afirmou ainda não saber se o prefeito Celso Daniel, assassinado em janeiro de 2002, tinha conhecimento ou mesmo se participava do esquema de arrecadação de propina. Ele lembrou que tentou várias vezes denunciar o esquema a Daniel, mas não conseguiu porque o prefeito estaria blindado por seu staff. O empresário também não soube responder se o dinheiro arrecadado destinava-se a financiar campanhas eleitorais do PT. Ele ressaltou também que diante de tanta extorsão abandonou o quadro societário da empresa em 2000.
O senador José Jorge (PFL-PE) chegou à conclusão de que o depoimento do empresário era uma prova convincente da existência de um grande esquema de corrupção ocorrido em Santo André. O senador Eduardo Suplicy (PT-SP), por sua vez, voltou a defender a honra de Celso Daniel, informando que em nenhum momento soube de qualquer deslize, seja político ou pessoal, cometido pelo prefeito. Já o senador Romeu Tuma (PFL-SP) classificou de sincero o depoimento do empresário.
O presidente da CPI dos Bingos, senador Efraim Morais (PFL-PB), decidiu antecipar para hoje os depoimentos de Evaldo Rui Vicentini, tesoureiro do PPS na campanha eleitoral de 2002, e do motorista Francisco das Chagas Costa, que teria atendido Vladimir Poleto, Rogério Buratti e o empresário Roberto Carlos Kurzweil durante viagem a Brasília em 2002.
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