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 | 26/03/2002 09h44min

Duhalde tenta se desvincular de sua equipe econômica

Depois de frustradas manobras, sem colher indício de que o governo conseguirá conter a escalada do dólar, o presidente da Argentina, Eduardo Duhalde, já começa a se movimentar para desvincular seu destino do de seus subordinados da equipe econômica. A suspeita de analistas de que Duhalde poderia abandonar o ministro da Economia, Jorge Remes Lenicov, e o presidente do Banco Central, Mario Blejer, à própria sorte, caso houvesse problemas com a política que estabeleceu a flutuação do dólar, converte-se agora em realidade.

O primeiro aceno surgiu na semana passada, quando, com o dólar cotado ainda a 2,50 pesos o presidente argentino declarou que não havia sido dele a decisão da saída do sistema de câmbio fixo – que manteve, por quase 11 anos, uma paridade artificial entre o peso e a moeda norte-americana.

– Não fui eu quem escolhi desvalorizar o peso – disse.

No fim de semana, ao retornar da cúpula de presidentes no México, o mandatário manteve a estratégia de atribuir responsabilidades a Lenicov e Blejer. Em entrevista ao diário La Nación, publicada ontem, dia 25, Duhalde disse que “o Banco Central tem os instrumentos para frear a disparada do dólar, mas era preciso ver em que momento se deve fazê-lo. Nisso, eu não me meto”.

Quando indagado se daria uma vez mais ordem para que o BC interviesse no mercado para conter a alta da moeda americana, refutou com a seguinte afirmação:

– Não posso dar a ordem porque o BC é autônomo.

Duhalde afirma que o destino de seu governo não será definido pelo dólar e tampouco pela ameaça de uma hiperinflação (como a que derrubou Raúl Alfonsín, em 1989). Esta teria como detonador justamente o descontrole da cotação da moeda norte-americana:

– É uma estupidez (ligar o futuro do governo à escalada do dólar), não tem nada que ver uma coisa com outra. Que o dólar vá a nove pesos, o que isso tem como meu governo?

Para o analista político Ricardo Rouvier, Duhalde apenas segue uma das premissas do presidencialismo.

– Seu histórico (como governador de Buenos Aires) mostra que não é muito dado a mudanças de gabinete. Se as fizer será porque a crise o obrigou – diz Rouvier. – Os ministros são como fusíveis. Podem ser substituídos para que se preserve a figura do presidente. Acontece que essa crise é como Mike Tyson no auge: qualquer um que sobe no ringue acaba nocauteado.

 

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