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Em clima de tensão e expectativa, a equipe econômica argentina tentava neste domingo, dia 24, definir uma estratégia para conter a desvalorização acelerada da moeda na reabertura do mercado de câmbio, nesta segunda-feira. Na sexta-feira, o dólar atingiu o nível recorde de 3,10 pesos. Segundo fontes do governo, "apenas no caso de uma disparada do dólar" poderia haver uma intervenção forte no câmbio, de até US$ 2 bilhões. Integrantes da equipe econômica garantiram que não seria decretado feriado bancário ou cambial.
Em meio a esse cenário, o presidente Eduardo Duhalde admitiu a possibilidade da volta da hiperinflação, um pesadelo dos argentinos. Em tom que recordou a fala do primeiro-ministro britânico Winston Churchill, que durante a II Guerra Mundial prometeu à população apenas "sangue, suor e lágrimas", o presidente alertou em entrevista a quatro jornais:
– Eu digo aos argentinos que vamos viver momentos mais difíceis do que este. Seria muito raro que, numa crise como esta, não houvesse momentos ainda mas graves – alertou Duhalde.
O presidente garantiu que não renunciará, mesmo que volte a hiperinflação. Ele passou o sábado reunido com seu ministério e informou que o governo não tomará qualquer medida especial para deter a alta do dólar. Esta atribuição, disse ele, cabe ao Banco Central (BC), que na Argentina tem autonomia. O banco é presidido por Mario Blejer, ex-funcionário do FMI.
Segundo Duhalde, o governo dos Estados Unidos e os organismos internacionais de crédito "querem ajudar" a Argentina a superar a crise, que se reflete em altos índices de desemprego e pobreza. Mas, em plena negociação com o FMI para conseguir um auxílio financeiro, criticou:
– Não confiam nada na Argentina. Se digo que me chamo Eduardo Alberto Duhalde não acreditam e me pedem o documento. Pedem-nos que sejamos sérios, pedem-nos um programa sustentável, pena que não pediram há três anos, porque hoje não estaríamos como estamos. O que importa para eles é não gastarmos mais do que o estipulado no orçamento – afirmou Duhalde.
O governo argentino espera selar em um mês as negociações com o FMI para obter, numa primeira etapa, cerca de US$ 9 bilhões que já tinham sido comprometidos em dezembro. Para liberar o financiamento, negociadores do organismo internacional exigem drástica redução das despesas do Estado e a anulação de algumas leis que regulam a atividade empresarial e bancária.
A crise que a Argentina enfrenta desde meados de 1998 também se reflete em constante queda da atividade industrial e na retração do mercado interno, além de forte aumento da cotação do dólar na última semana.
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