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 | 07/12/2005 22h44min

Palocci teria viajado em avião que transportou suposto dinheiro cubano

Colnaghi diz que emprestou jatinho para o ministro três vezes

O empresário Roberto Colnaghi deixou hoje em situação delicada o ministro da Fazenda, Antonio Palocci. Em depoimento à CPI dos Bingos, Colnaghi disse que Palocci viajou pelo menos três vezes em um jatinho de sua propriedade, o mesmo em que teriam sido transportados dólares vindos de Cuba para a campanha do PT, em 2002.

Segundo o empresário, em pelo menos duas oportunidades Palocci usou o avião Sêneca exercendo o cargo de ministro.  A informação contraria nota oficial divulgada por Palocci mês passado, quando o assunto veio à tona. Na nota, o ministro negava ter viajado no avião em 2003 e 2004.

Pressionado pelos senadores, Colnaghi revelou que estava presente em uma das viagens, juntamente com o então presidente do PT, José Genoino. Ele contou que ia de Brasília para Penápolis, em São Paulo, e que Palocci e Genoino pegaram uma carona para Ribeirão Preto. Segundo ele, no meio do caminho os dois pediram para voltar a Brasília e foram atendidos.

– Em Ribeirão Preto, eles foram fazer as coisas deles e eu tive que aguardar. Depois, voltamos para a Brasília e só depois fui para a minha cidade – contou Colnaghi, que disse desconhecer os motivos que levaram Palocci e Genoino a mudar o planejamento neste dia.

Para os senadores de oposição, a viagem é suspeita e reforça a necessidade de Palocci se explicar à CPI. O ministro não quis comentar as declarações do empresário.

– Considero muito estranha essa viagem. Este avião passou a fazer táxi aéreo para essas pessoas – disse o presidente da comissão, senador Efraim Morais (PFL-PB).

O empresário disse ainda que, na campanha eleitoral de 2002, cedeu o avião "cinco ou seis vezes" para petistas, entre eles o ex-deputado José Dirceu. Mas disse que o fez atendendo ao pedido do amigo de infância Ralf Barquete, ex-assessor de Palocci na Prefeitura de Ribeirão Preto e citado em denúncias de corrupção feitas à comissão. Barquete morreu em 2004.

– Cedi o avião e não foi ao PT. O Ralf foi meu colega de escola. Eu entrei nessa história mas não tenho nada a ver – afirmou.

Colnaghi confirmou ainda que emprestou seu avião para que Vladimir Poleto, ex-assessor de Palocci, transportasse três caixas de uísque de Brasília para São Paulo. A CPI dos Bingos investiga se as caixas continham dólares do governo de Cuba para a campanha de Lula, em 2002. Poleto alega ter carregado apenas bebidas.

O empresário disse que cedeu o avião mais uma vez a pedido de outro ex-assessor da prefeitura de Ribeirão Preto, Ralf Barquete, e que foi informado que ele transportaria pessoas e não caixas:

– Foi este o avião do problema. Mas eu estava a mais de mil quilômetros de lá (de Brasília). Apenas atendi a um pedido de um amigo – contou.

Colnaghi, dono de três empresas de tubos e conexões, também foi indagado sobre seus negócios em Angola. Desde 2002, eles se tornou um dos principais exportadores brasileiros para aquele país no processo de reconstrução após a guerra civil. Ele negou ter sido favorecido por alguma autoridade brasileira.

Para a surpresa de integrantes da oposição na CPI, durante o depoimento Colnaghi revelou ser filiado antigo do PFL. Disse ainda ter emprestado seu avião para dois deputados do PSDB de São Paulo: Julio Semeghini e Mendes Thame.

AGÊNCIA O GLOBO
 

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