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 | 22/09/2003 15h05min

Para Lula, terrorismo é sintoma de mal-estar social

Presidente falou Nova York, em seminário sobre o tema

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nesta segunda, dia 22, o apoio ao crescimento econômico dos países em desenvolvimento como forma de combate ao terrorismo durante conferência sobre o tema em Nova York. Para o presidente, o terrorismo é "sintoma de mal-estar social". Ele destacou ainda a necessidade de os países apoiarem valores democráricos e de respeito aos direitos humanos e enfatizou o papel do multilateralismo por meio da Organização das Nações Unidas (ONU) na busca de solução ao terrorismo.

– Promover o desenvolvimento econômico das nações e o bem-estar social dos povos são formas de construir sociedades saudáveis, imunes ao terrorismo – afirmou Lula em discurso, ao participar da conferência "Combatendo o Terrorismo em prol da Humanidade", evento promovido pelo primeiro-ministro da Noruega, Kjell Magne Bondevik.

Cerca de 15 presidentes e chefes de Estado participam do evento, que foi aberto pelo secretário-geral da ONU, Kofi Annan.

– Não podemos prescindir da ONU em nossos esforços. Enfraquecê-la significa fortalecer os inimigos da paz. O principal empecilho a uma cooperação mais efetiva contra o terrorismo é político – disse, acrescentando que a instituição internacional pode ser modernizada para não se restringir aos aspectos humanitários.

O presidente aproveitou para criticar as barreiras ao comércio internacional, que podem ser impostas sob o argumento de medidas de segurança, como contra o o bioterrorismo, exemplificou. Ele também criticou a associação automática entre terrorismo e pobreza que "pode levar à injusta discriminação contra países em desenvolvimento, como celeiros de terroristas". Afirmou ainda que a confecção de listas de organizações terroristas não resolvem o problema e defendeu a elaboração de uma convenção sobre o terrorismo.

O presidente homenegeou a memória do brasileiro Sérgio Vieira de Mello, diplomata da ONU morto recentemente em ataque no Iraque, ao citar que, para ele, apenas a soberania do povo iraquiano trará estabilidade ao país. Lembrou que árabes e judeus vivem em harmonia no Brasil.

Lula desembarcou no domingo à noite em Nova York, onde cumpre agenda cheia até a próxima quinta. O ponto alto da viagem será o discurso inaugural da 58ª Assembléia Geral da Organização da ONU nesta terça, quando deve enfatizar o combate à fome, à miséria e à exclusão social. O presidente vai ressaltar também a necessidade da abertura do comércio internacional e o combate ao protecionismo para a redução da desigualdade entre os países.

Ainda nesta segunda, Lula oferece um almoço ao secretário-geral da ONU e a mais três primeiros-ministros e cinco presidentes, entre eles o dirigente da França, Jacques Chirac, com quem o presidente brasileiro terá um encontro privado depois, segundo o Itamaraty. Na terça e quarta, encontrará separadamente o presidente da Rússia, Vladimir Putin, e o chanceler alemão, Gerhard Schrder. Até agora, não está previsto encontro reservado com presidente norte-americano George W. Bush.

Na quarta, Lula terá uma reunião com líderes da maior central sindical do país, a AFL-CIO. O presidente, que está hospedado no tradicional hotel Waldorf Astoria, está acompanhado dos ministros Celso Amorim (Relações Exteriores), Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento), José Graziano (Segurança Alimentar), Humberto Costa (Saúde), Gilberto Gil (Cultura) e Luiz Dulci (Secretaria-Geral).

As informações são da agência Reuters.

 
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