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Agricultura  | 02/05/2011 14h28min

Código Florestal vira tema da abertura da Agrishow 2011

Lideranças se mostraram confiantes na aprovação do relatório do deputado Aldo Rebelo

Raphael Salomão | Ribeirão Preto (SP)

Lideranças do setor e até o próprio ministro da Agricultura, Wagner Rossi, demonstraram confiança na aprovação do relatório do deputado Aldo Rebelo (PcdoB/SP) que muda o Código Florestal. O tema foi dominante nos discursos de abertura da Agrishow, em Ribeirão Preto. Para representantes do agronegócio, é possível até que a proposta seja aprovada na Câmara e no Senado antes do vencimento do prazo de adequação das propriedades rurais à atual legislação, que é em 11 de junho.

Para o presidente da Agrishow e da Sociedade Rural Brasileira, Cesário Ramalho, o Brasil precisa ter uma posição madura e nem agricultura nem o meio ambiente podem ficar reféns da legislação.

– Nós, produtores, não queremos o Código para desmatar. Queremos regularizar nossas atividades, que foram colocadas na ilegalidade por diversas canetadas irresponsáveis, ao longo dos anos – disse Cesário, que em seus discursos, também cobrou do governo medidas como o seguro de renda para a produção rural.

A senadora presidente da Confederação Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Kátia Abreu, criticou as “tentativas de mudanças em acordos já consolidados” em relação ao Código Florestal. E ressaltou que o debate em torno da legislação “não começou outro dia”.

– Não podemos permitir que mudanças de última hora sejam feitas em detrimento do setor mais importante da economia nacional. De nada pode servir toda essa tecnologia se não aprovarmos o Código Florestal – disse ela.

Os ruralistas receberam o apoio de Rossi, para quem a semana de aprovação do Código Florestal é a mais importante do agronegócio brasileiro. No discurso mais longo da cerimônia (pouco mais de 20 minutos), o ministro disse “compartilhar” do discurso da senadora Kátia Abreu. E manifestou otimismo para a votação.

– Vamos ganhar. Soubemos construir o consenso necessário e vamos a voto nos pontos discordantes, como é a essência da democracia. O acordo é tão bom que, no último fim de semana, alguns radicais queriam melar. É inadmissível – disse.

Rossi destacou que o Brasil vem batendo recordes de produção e vem garantindo o saldo positivo da balança comercial do país. E rebateu críticas ao agronegócio brasileiro.

– Não podemos permitir que a agricultura brasileira seja atacada por irresponsáveis, muito menos aqueles que estão a serviço de forças do exterior, que exauriram seus recursos naturais e agora cobram de nós como devemos lidar com os nossos – afirmou.

Contra o tempo

Depois de ser votado pela Câmara, o projeto segue para o Senado e, só depois de aprovado, poderá ser enviado para a sanção da presidente Dilma Rousseff. O Congresso corre contra o tempo para aprovar a reforma do Código Florestal, já que, no dia 11 de junho vence o prazo para os produtores de todo o país se adequarem as propriedades à atual legislação. Os parlamentares demonstraram confiança na aprovação do relatório do deputado Aldo Rebelo rapidamente.

– Já conseguimos aprovar rapidamente projetos bem mais polêmicos. Tenho certeza que o Código Florestal será aprovado a tempo na Câmara e no Senado – garantiu a senadora Kátia Abreu.

– Queremos votar, vamos votar. Precisamos regularizar a vida de quem produz. O parlamento vai votar e onde houver discórdia resolve-se no voto – acrescentou o líder do PSDB na Câmara dos Deputados, Duarte Nogueira.

Produtor rural e ex-secretário da Agricultura de São Paulo, João Sampaio, também acredita ser possível, mas reconhece que o tempo é curto.

– Caso não seja possível aprovar até 11 de junho, espera-se que o governo adote as medidas necessárias, que dê um prazo maior, que prorrogue para que os produtores não sejam penalizados – explica.

Trinta anos

Também durante a abertura da Agrishow, o governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, autorizou a cessão por 30 anos de parte da área da chamada Fazenda Paulista para a organização da Agrishow. Na prática, fica garantida por três décadas a realização da feira na cidade, encerrando, pelo menos por esse período, qualquer polêmica relacionada a uma possível transferência da feira para outro município.

– A permanência em Ribeirão Preto vai viabilizar investimentos importantes – enfatizou o governador.

A decisão foi comemorada por Ramalho que, além de atual presidente da Agrishow, é presidente da Sociedade Rural Brasileira.

– A manutenção da Agrishow em Ribeirão Preto é uma vitória, principalmente, do agronegócio brasileiro. Ribeirão Preto tem identidade com o agronegócio, localização estratégica e estrutura privilegiada. É o lugar da Agrishow – comemora.

Em tom de desabafo, a prefeita de Ribeirão Preto, Darcy Vera, disse até que foi “alvo de piadinhas” quando decidiu discutir a manutenção da feira no município.

– Foi uma luta, mas vencemos. A feira está consolidada – afirmou a prefeita.

Durante a cerimônia de abertura, foi anunciado oficialmente o novo presidente da Agrishow, o empresário Maurílio Biagi, que ocupará o lugar de Cesário Ramalho.

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