Ambiente | 11/04/2011 08h10min
Para muita gente, a palavra química remete ao oposto do que é natural. E, talvez por isso, muitos pensem que os produtos químicos obrigatoriamente não fazem bem para a saúde e para o planeta. Pois desde a década de 70, um novo conceito tem trabalhado para mudar as ações do setor e, também, a ideia que se faz dele. Os pesquisadores americanos Paul Anastas e John Warner foram pioneiros, criando princípios que envolvem a otimização de recursos e a prevenção à poluição e, desta forma, levaram ao desenvolvimento do termo Green Chemistry, Química Verde em português.
Em um ano dedicado a celebrar as descobertas e os avanços da química — por definição da ONU, 2011 é o Ano Internacional da Química (AIQ) — a vanguarda do setor na redução de impacto pode ganhar ainda mais força. Por isso, professores que trabalham com o conceito no Brasil, como Eder Lenardão, da UFPel e Reinaldo Bazito, da USP, entendem que o que Anastas e Warner propõem é uma nova filosofia de como se fazer química.
— Usar matéria-prima de fonte renovável, substituir solventes sustâncias tóxicas e reduzir a produção dos resíduos estão entre as principais ações — esclarece o professor Eder Lenardão, do Instituto de Química Verde da Universidade Federal de Pelotas (UFPel).
A realidade do setor hoje — considerado um dos mais avançados quando o tema é proteção ambiental — é um reflexo, também, de preocupações econômicas da indústria e do crescimento exponencial de legislações ambientais ao redor do mundo.
— Apenas tratar o resíduo ou o desperdício é mais caro do que preveni-lo — afirma o professor do Instituto de Química da USP e membro do Grupo de Pesquisa em Química Verde e Ambiental, Reinaldo Bazito.
O professor Jailson Bittencourt de Andrade, do Instituto de Química da Universidade Federal da Bahia (UFBA), destaca a incorporação da análise do ciclo de vida, tanto de produtos quanto de processos, como um dos grandes avanços do novo conceito, que ganhou força ainda nos anos 90. Já o cuidado com as emissões de gases do efeito estufa na atmosfera (GEE) e a tentativa de usar novas fontes de energia fazem com que Carlos Nobre, secretário de políticas e programas do Ministério da Ciência e Tecnologia e pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), afirme que o setor está muito na frente de outros e é exemplo. Mesmo assim, Nobre aponta um provável caminho para fazer com que outros setores de pesquisa sigam um caminho semelhante ao da química:
— Já evoluímos, temos metas voluntárias de redução de emissões no Brasil, mas ainda precisamos de uma orientação clara da esfera pública, com incentivos para reduzir o impacto ambiental.
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