Energia | 10/05/2011 09h10min
Até 77% da energia elétrica consumida no mundo poderá vir de fontes renováveis - como solar, eólica, hidrelétrica e biomassa - até 2050. O número poderá ser considerado um grande avanço ante a participação de só 13% dessas fontes em 2008, de acordo com um relatório divulgado hoje em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) da Organização das Nações Unidas (ONU). Segundo o estudo, porém, o avanço depende de políticas públicas que ofereçam suporte para o desenvolvimento das fontes de energia limpa.
"Com o suporte de políticas na área climática e energética, as fontes renováveis podem contribuir significativamente para o bem-estar do homem e estabilização do clima" defendeu o professor Ottmar Edenhofer, em nota do IPCC. Ele é corresponsável pelo grupo de trabalho que reuniu 120 pesquisadores na compilação do relatório de 900 páginas publicado nesta segunda-feira.
O estudo afirma que uma participação maior das fontes de energia renováveis pode reduzir de 220 a 560 gigatoneladas a emissão de gases causadores de efeito estufa entre 2010 e 2050. O volume representa redução de 33% nas projeções baseadas nos modelos atuais de emissão de poluentes. Essa diminuição permitiria manter a concentração de gases em 450 partes por milhão (ppm) na atmosfera - nível que os cientistas consideram necessário para evitar o avanço da temperatura global em 2ºC até o final do século, conforme o objetivo da Convenção do Clima da ONU.
Para Ramon Pichs, corresponsável pelos grupos de trabalho, os países em desenvolvimento têm um papel central na adoção dessas práticas. Segundo ele, nesses países há uma população de 1,4 bilhão de pessoas sem acesso a energia elétrica atualmente, mas que será consumidora no futuro.
- Por isso, países em desenvolvimento têm as melhores condições para o avanço das fontes de energia renováveis - afirmou.
Critérios — O estudo fez uma avaliação de quatro possíveis cenários para as próximas quatro décadas, levando em conta o crescimento da população, o consumo de energia per capita e a eficiência da produção e consumo de energia, além de outras variáveis, como o custo-benefício das fontes renováveis. No cenário considerado mais otimista pelo IPCC, 77% de energia seriam provenientes de fontes renováveis, enquanto no pior cenário esse índice ficaria em 15%.
O estudo lembra que, em alguns casos, a geração de energia limpa ainda não é viável economicamente. No entanto, se forem contabilizados os custos monetários dos impactos ambientais, como a emissão de poluentes, cada vez mais tecnologias limpas passarão a ser atrativas também sob o ponto de vista econômico.
Agência Estado
Fontes de energia renováveis pode reduzir de 220 a 560 gigatoneladas a emissão de gases causadores de efeito estufa
Foto:
Daniel Marenco
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