Moda | 20/04/2011 08h10min
Tecidos elaborados com fibras de acerola, cadarço feito de garrafas plásticas recicladas, solados de matéria-prima vegetal guardada como um segredo à sete chaves. Esta é a indústria calçadista se esforçando para melhorar sua pegada ecológica.
Inspirados em novas tecnologias, os calçadistas levaram, na semana passada, suas apostas à 35ª edição da Feira Internacional de Couros, Produtos Químicos, Componentes, Equipamentos e Máquinas para Calçados e Curtumes (Fimec), em Novo Hamburgo. Algumas são resultados de anos de pesquisa e sérias preocupações com a sustentabilidade.
Acerola no sapato
Soluções como fibra de acerola, uma das novidades do Grupo Artecola, de Campo Bom, são trabalhos desenvolvidos buscando matéria-prima renovável. Na feira, eles aproveitaram para apresentar ao público a linha Ecofibra S 1303 AC, que inova com o uso de uma fibra produzida em larga escala no Brasil.
A aposta deve resultar em características especiais na hora de produzir o calçado, como menor exigência de calor, o que resulta em economia de energia e maior velocidade na produção.
- Estas fibras são resíduos da indústria de polpa e suco de acerola e foram aproveitadas na produção deste novo material a partir de estudos que buscaram não apenas uma nova fibra no processo de produção, mas resultados superiores de performance - explica o diretor de Adesivos e Laminados, Evandro Kunst.
Reaproveitar o material que originalmente seria descartado e buscar matéria-prima em resinas derivadas de óleos vegetais, reduzindo o uso de derivados do petróleo, também povoam as produções da Formax, de São Leopoldo. Assim, os calçadistas voltam atenções para novidades que aliam conforto, tecnologia e cuidado com o ambiente.
Solado verde
Dois longos anos de pesquisa foram concluídos pouco antes da feira, permitindo que a FCC, de Campo Bom, apresentasse ao mercado o lançamento que se tornou sua menina dos olhos: o solado verde. A fabricante garante que é possível produzir um produto ecologicamente correto sem mexer em custos de produção e mão de obra, apenas trocando a matéria-prima oriunda do petróleo para um material de origem vegetal. Isso sem perder as características necessárias para estes componentes: a flexibilidade, aparência e resistência ao desgaste.
A empresa levou à feira um solado totalmente reciclável e que contém até 50% de matérias-primas de fonte renovável, assim como partes dos componentes da palmilha, do forro de couro e dos adesivos. A vantagem: a possibilidade de redução significativa da utilização de recursos provenientes do petróleo, substituindo-os por materiais de origem vegetal, que contribuem positivamente para a natureza, totalmente recicláveis e não contêm metais pesados em sua formulação.
- A fonte? É o que todos os concorrentes querem saber - diverte-se o Júlio Schmitt, diretor da companhia.
Produção sustentável
Uma fábrica conceito foi montada durante a 35ª Fimec, em Novo Hamburgo. Com as soluções existentes hoje, um das linhas mostrou como é possível produzir um sapato mais sustentável, desde as matérias-primas até a embalagem final:
- Entre os componentes, o cabedal (parte de cima do calçado) é feito em biocouro (parte clara), tipo de couro curtido sem o uso de metais pesados, e em lona reciclada (parte marrom), obtida a partir de fibras de poliéster e de algodão.
- O contraforte e a couraça, que reforçam a estrutura do calçado no bico e no calcanhar, têm o diferencial de contar com fibras vegetais em sua composição.
- O forro interno é feito com dois materiais: não-tecido, produzido a partir de fibras recicladas de garrafas pet, e malha de fibras de bambu.
- Os adesivos são isentos de solventes, produzidos à base de água ou 100% sólidos.
- O cadarço também é de fibras de garrafas pet recicladas, assim como as fitas do enfeite lateral do calçado.
- O solado é feito em borracha reciclada e biodegradável, que depois de seis meses em contato com microrganismos, se degrada e transforma-se em gás carbônico e água.
- A embalagem do calçado também é ecológica, produzida com papelão de celulose obtida nos padrões do carbono neutro, utilizando madeira de matas reflorestadas.
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