Energia | 10/05/2011 14h11min
O Ibama abrandou suas exigências quanto ao depósito de combustível a ser usado na usina nuclear de Angra 3. Na prática, isso pode representar menos segurança na armazenagem do material.
Em 2008, o órgão ambiental exigiu a apresentação de um projeto para a disposição final de rejeitos cuja execução deveria começar antes do início da atividade na usina, previsto para 2015.
Desde 2009, porém, o Ibama requer apenas um depósito "de longo prazo'', que deve entrar em operação em 2026, segundo a Cnen (Comissão Nacional de Energia Nuclear) – só 10 anos após Angra 3 começar a operar.
A diferença entre depósito "final'' e "de longo prazo'' é que, no segundo caso, o combustível guardado no depósito pode ser reprocessado. As mudanças constam da documentação de licenciamento ambiental, composta por três licenças: prévia, de instalação e de operação.
A licença prévia aprova a viabilidade ambiental do projeto e autoriza sua localização e concepção tecnológica. A segunda, de instalação, autoriza o início da obra. A última etapa autoriza o início da atividade da usina.
Atualmente, o combustível usado em Angra 1 e Angra 2 é armazenado em piscinas de resfriamento localizadas nas próprias usinas. Elas podem armazenar o material durante toda a sua vida útil, um período de 50 a 60 anos.
O presidente da Cnen, Odair Gonçalves, afirma que até agora não foi escolhido o local onde pode ser instalado o depósito de longo prazo.
Uma das formas de acomodar o combustível usado é colocá-lo em cilindros de aço inoxidável que são depois armazenados em ambientes com paredes rochosas ou de concreto, para impedir vazamentos. Era o tipo de armazenagem previsto em 2008.
Um depósito de longo prazo não exige cuidados de segurança na mesma dimensão de um depósito final. A decisão sobre o que fazer com o combustível nuclear usado é complexa.
O Brasil tem a sexta maior reserva de urânio, a partir do qual é feito o elemento combustível, que continua radioativo por centenas de anos.
Outro lado
Procurado, o Ibama afirmou que as licenças continuam a exigir a definição de depósitos para os combustíveis usados em Angra 3.
O presidente da Cnen, Odair Gonçalves, disse que a mudança resultou de conversas do órgão com o Ibama e que a definição de um local final para os elementos combustíveis usados em Angra 3 "era uma exigência impossível de atender''.
Segundo ele, a maneira usada hoje para armazenar o combustível -em piscinas- não é provisória e pode ser usada durante toda a vida útil da usina.
– É seguro, fiscalizado e localizado dentro de um prédio blindado – afirma.
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