Itapema FM | 16/06/2015 07h10min
A joinvilense Karine de Matos, 24 anos, e o baiano Diego Cunha, 26 anos, se preparam para dar um grande passo na carreira de bailarinos. Figuras carimbadas nas apresentações, turnês e eventos especiais da Escola do Teatro Bolshoi no Brasil nos últimos sete anos, eles são as novas contratações do Ballet do Salzburg Landestheater, na Áustria, destino de outros ex-alunos talentosos como Naiara Mattos e Stephanine Ricciardi.
Os dois batem a marca dos bailarinos que mais permaneceram no elenco da Cia. Jovem, companhia semiprofissional mantida pela instituição, e por isso estão ligados às conquistas mais importantes da escola dos últimos anos, como a estreia dos clássicos Giselle e O Quebra-nozes.
Unidos também pelo amor – Karine e Diego namoram desde 2009 –, eles viajaram para pelo menos quatro países representando a filial russa. Em uma das oportunidades, integraram uma turnê por mais de 20 cidades da Rússia. A experiência foi uma prova de fogo para o casal, que tinha apresentações quase todos os dias no país europeu.
– Nosso descanso era entre um deslocamento e outro – lembra Diego.
O relacionamento é o motivo pelo qual escolheram permanecer em Joinville enquanto tantos outros diplomados pela Escola Bolshoi seguiram em busca de um lugar ao sol em companhias profissionais pelo Brasil e exterior. O casal abriu mão das oportunidades individuais que surgiram – e elas foram muitas – até que conseguissem uma companhia com vaga dupla, o que aconteceu só agora.
– Chegamos a ser chamados para dançar no mesmo país, só que em companhias de diferentes cidades. Mesmo assim não aceitamos – conta Karine.
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O convite para a Áustria não poderia ter chegado em um momento mais certo. O ano de 2015 era considerado decisivo para a carreira de ambos.
– Pela nossa idade, era agora ou nunca – avalia Diego.
A Salzburg é uma companhia pequena de neoclássico, mas possui teatro próprio e conta com um vasto repertório. Outro ex-aluno do Bolshoi, Otto Wotroba, 21 anos, acompanha o casal no novo grupo. Os três foram selecionados por vídeo pelo diretor e coreógrafo Peter Breuer, que já visitou pessoalmente a instituição joinvilense.
Otto embarca em agosto, enquanto o casal Karine e Diego preparam a mudança para julho. A dupla já tem a primeira apresentação marcada para 8 de agosto. A estreia será em um espetáculo embalado por canções dos Beatles.
Desde a fundação
A história da joinvilense Karine de Matos, que agora embarcará para a Áustria, se confunde com a da Escola Bolshoi. A ideia de montar uma filial do balé russo no Brasil era considerada um tanto quanto utópica quando ela participou do teste para a primeira turma da instituição, em 1999. Mesmo sem saber o que a esperava, Karine quis abraçar a oportunidade.
– Eu nunca tinha ouvido falar no Bolshoi. Na época eu não sabia da importância que o nome tinha – lembra.
O que parecia um sonho para a menina de sete anos que estudava em escola pública e executava exercícios de barra apoiada em uma cadeira foi tomando formas e virando assunto sério. Aos 17 anos, Karine já sabia que viveria na ponta dos pés.
– Eu tinha aquela rotina dupla de aulas como algo tão natural. Não foi um peso – conta a joinvilense de 24 anos, que foi a primeira integrante da Cia. Jovem a ser contratada com menos de 18 anos.
A conquista do primeiros emprego na companhia da escola manteve o vínculo de Karine com Joinville durante os quase sete anos, em que já estava formada em balé clássico.
Ela também chegou a dar aula para a turma de primeira série da Escola.
Mudança de ritmo
Quem assistia Diego Cunha surpreender em coreografias de difícil execução, como a dança a caráter Gopak, já no segundo ano como aluno da Escola Bolshoi não imaginava que naquela época o repertório de balé clássico tinha sido recém apresentado ao baiano. Isso porque, quando mudou-se para Joinville, Diego integrava o projeto Axé, de Salvador, onde fazia aulas de dança contemporânea e capoeira.
Diego encarou o desafio de aprender novos passos aos 18 anos, idade considerada tarde para se iniciar no balé. Apesar do pouco conhecimento no gênero, ele precisou entrar para a turma que estava prestes a se formar. Por dividir a sala com alunos mais experientes, Diego precisou correr atrás do tempo perdido.
– Tive que me esforçar muito para alcançar o nível dos outros alunos – conta o bailarino, que completou a oitava série duas vezes até estar no patamar desejado pela instituição.
Já no segundo ano como aluno de balé, Diego arrancou elogios do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, depois de uma apresentação em Florianópolis, em 2008.
– Para mim, essa foi um dos momentos mais marcantes da minha carreira.
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