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Itapema FM  | 29/04/2015 10h05min

Os desafios para Joinville ser a Cidade da Dança o ano inteiro

Artistas e companhias buscam a organização em associações e promoções de mostras para garantir palco e plateia muito além do Festival de Dança

O benefício de ter a única filial do Bolshoi e um dos maiores festivais de dança em número de participantes já seria motivo suficiente para fixar de vez um novo título para Joinville: Cidade da Dança.

O codinome vem fácil à boca em julho, quando a cidade ganha a programação de alto nível de um evento que é referência nacional. Nos outros 11 meses esta arte é a motivação de entidades e grupos que mantêm a difícil tarefa de celebrar a dança em todos os meses do ano.

Há oito anos, a cidade ganhou a Anacã – Associação de Grupos de Dança, que surgiu com um sonho maior do que simplesmente organizar a classe. A necessidade de dar oportunidade para que bailarinos de todas as modalidades e níveis pudessem contar com um espaço com estrutura para se apresentar motiva a entidade desde a sua criação.

Deste empenho surgiu o Dança Joinville, um projeto de mostra que mantém uma agenda de apresentações trimestrais com programação democrática. As edições ocorrem há sete anos e costumam receber entre 20 e 30 coreografias de grupos e bailarinos independentes de Joinville que buscam uma plateia.

– Organizamos tudo sem nenhum subsídio. A associação paga a iluminação e conseguimos com o Instituto Festival de Dança o empréstimo do linóleo. Os grupos ainda podem vender os ingressos e ganhar uma porcentagem como cachê. Onde mais eles teriam esta oportunidade em Joinville? – questiona o presidente da Anacã, Edson Gellert Schubert.

A iniciativa independente deu tão certo que neste ano a entidade fez uma sessão infantil. A fórmula é simples: os grupos interessados em se apresentar se inscrevem no site da associação, que monta a grade cuidando para torná-la a mais plural possível.

Todos são responsáveis por vender os ingressos e têm a oportunidade de fomentar seu trabalho com os lucros. Na última edição, dia 26 de abril, 300 pessoas assistiram aos 230 bailarinos que subiram ao palco do Teatro Juarez Machado.

– Aceitamos todos os trabalhos porque nosso foco não é só a formação de plateia, mas também dos bailarinos – diz Edson.

Dança como profissão

Se ainda há grandes desafios para a dança em Joinville, maiores são aqueles enfrentados por quem escolhe viver desta arte por aqui. Entre os alunos formados pela Escola do Teatro Bolshoi no Brasil são poucos os que decidem se estabelecer profissionalmente na cidade, principalmente se a meta não é partir para o ensino da dança, e sim ganhar os palcos.

Fernando Lima não nega que o Festival de Dança de Joinville foi um dos responsáveis por ele ter escolhido a arte do movimento como profissão. Foi acompanhando no evento o trabalho do pai, o fotógrafo Amarildo João Forte, que o bailarino se encantou pelos palcos. Hoje, Fernando é bailarino, coreógrafo e professor da própria companhia, que já completa dez anos.

Para sobreviver desta arte na cidade, o bailarino não para. Ele dá aulas de diversas modalidades na escola onde também é sócio.

– Mas não podemos reclamar. Estamos em uma cidade que tem muito espaço para o profissional de dança. Além do festival, temos sempre alguma coisa acontecendo pelo Simdec, seja workshop ou espetáculo. E estamos próximos de grande centros. Só não busca informação quem não quer  – avalia o bailarino.

Como Fernando, muitos joinvilenses criam as próprias oportunidades. O Instituto de Pesquisa da Arte pelo Movimento (Impar), por exemplo, lidera projetos para fomentar atividades nas áreas de dança e teatro, como a AMA Cia. de Dança, fundada em 2007 por Amarildo Cassiano e Claudia Maiole. Hoje o grupo conta com oito bailarinos e desenvolve projetos como a Colcha de Retalhos, em que leva apresentações de dança para espaços alternativos.

Falta uma casa para a dança

Para cunhar de vez o título de Cidade da Dança, o presidente da Anacã acredita que há pelo menos dois grandes desafios para Joinville. A falta de um local referência para o setor é um dos incômodos enfrentados.

Nem todos os grupos possuem lugar adequado para os ensaios e, menos ainda, para as apresentações, que precisam de condições de som e iluminação para acontecerem.
O presidente da Fundação Cultural Rodrigo Coelho, chegou a sinalizar a ocupação da antiga Prefeitura, na esquina das ruas Max Colin e João Colin, para ser o tão esperado abrigo da arte do movimento. Este local poderia potencializar o uso que é feito dos recursos destinado ao setor pelo Sistema Municipal de Desenvolvimento pela Cultura (Simdec).

– Como montar um espetáculo de dança sem ter onde deixá-lo em cartaz? – questiona Maycon Santos, professor de dança de salão e presidente do Conselho Municipal de Política Cultural.

Outra reinvindicação é o curso superior de dança, prometido para os campus da Udesc de Joinville e de Florianópolis. O curso completaria a formação da demanda que hoje passa por cursos técnicos.

Onde curtir o Dia Mundial da Dança em Joinville

Praça Nereu Ramos
Uma série de apresentações está prevista na programação entre 10 e 17 horas. São coreografias de escolas e grupos de dança da cidade, além de oficinas com professores de dança. Gratuito.

Escola Bolshoi
A instituição recebe a comunidade para uma visita guiada por suas instalações e aulas de dança com mestres russos e brasileiros. A aula aberta acontece em dois horários: 9h30 e 15 horas. Para participar, é preciso se inscrever na escola.

Teatro Juarez Machado
Grupos de dança de Joinville apresentam 31 coreografias a partir das 19h30. A entrada é gratuita, mas é preciso retirar o ingresso na Casa da Cultura ou na secretaria do teatro.

Shopping Mueller
Quatro professores de dança se apresentam a partir das 12h30, na Praça Central, e vão interagir com o público. A entrada é gratuita.

A NOTÍCIA
Rodrigo Philipps / Agencia RBS

Tem que se desdobrar: Fernando Lima dá aulas de diversas modalidades para viver da arte
Foto:  Rodrigo Philipps  /  Agencia RBS


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