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Itapema FM  | 24/10/2014 09h14min

Estilo de vida atual proporciona reflexão na exposição 'À Beira do Vazio', no Masc

Curador de arte Fernando Boppré visitou e analisou quatro exposições em cartaz no museu

Atualizada às 12h18min Layse Ventura  |  layse.ventura@diario.com.br

Quando falamos de arte contemporânea, falamos de ruptura. Mas por acreditar já ter feito todas as quebras possíveis, para Fernanda Valadares então este é o retorno. Para isso, utiliza a encáustica – provavelmente a técnica de pintura mais antiga, que usa cera de abelha como base do pigmento – para compor as obras de À Beira do Vazio.

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Além de resgatar a ancestralidade, existe uma relação com o tempo por ser uma técnica durável. Como a cera encapsula os pigmentos, os quadros têm uma sobrevida maior, existindo um diálogo com a produtividade contemporânea ao propor um convite à desaceleração.

O primeiro momento da mostra é uma grande obra que ocupa toda uma parede. Imigração fala sobre o espaço vazio de quem migra. A artista mudou-se de São Paulo para o Rio Grande do Sul e quis dar forma ao não-pertencimento, materializando a estrada entre os dois Estados. O trabalho obriga o visitante a percorrê-lo, como se fosse o próprio caminho.

Há ainda obras que versam sobre espaços de museus em ângulos diferentes. Eles se apresentam sempre sem exposições ou peças para potencializar o sentido de vazio. Mas apenas a amplitude não satisfez a artista, que criou fissuras nas paredes para visualizar o que havia além daquelas linhas e planos, no horizonte.

Por último estão expostos lençóis, que transitam na ideia de viagem, vazio e estrada. Porém, nessas obras ela não usa só encáustica, mas também a transferência fotográfica.

Análise de Fernando Boppré

>> A artista coloca presença, concretude em paredes e ângulos, mas tira tudo ao não ter uma única pessoa representada. É como se fosse algo monumental, mas em ruínas. Dialoga com a nossa vida contemporânea.

>> Anacronismo: ela junta uma técnica arcaica com um modo de pintar contemporâneo. Os quadros são quase uma abstração, mas são figurativos quando trazem elementos arquitetônicos.

>> A exposição é ao mesmo tempo leve e densa. Leve porque usa uma técnica de pintura que demanda tempo e paciência; densa ao considerar o tamanho dos quadros e a força necessária para manuseá-los.

Agende-se

O quê:
primeiro ciclo do edital de Exposições Temporárias do Masc, com Tellus, de Betânia Silveira (SC); E o Silêncio Nagô Calou em Mim, de Denise Camargo (DF), À Beira do Vazio, de Fernanda Valadares (RS); e Desiderium, de Rosana Mariotto (SP)

Quando: até 23 de novembro. De terça a sábado, de 10h as 20h30min; domingos e feriados, das 10h as 19h30min

Onde: Museu de Arte de Santa Catarina (Masc), no CIC (Av. Gov. Irineu Bornhausen, 5.600, Agronômica, Florianópolis)

Quanto: gratuito

Informações: (48) 3664-2630

DIÁRIO CATARINENSE
Alvarélio Kurossu / Agencia RBS

Obras utilizam técnica de pintura milenar que tem como base cera de abelha
Foto:  Alvarélio Kurossu  /  Agencia RBS


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