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Itapema FM  | 10/10/2014 15h57min

Barítono joinvilense Douglas Hahn é homenageado no Festival Aldo Baldin

Na programação, além de concurso de canto, haverá apresentações líricas e exibição de cenas inéditas do documentário em produção sobre Baldin

Rubens Herbst  |  rubens.herbst@an.com.br

Foi em 1996, quando se apresentou em Florianópolis com a ópera Il Guarany, que Douglas Hahn enterrou de vez qualquer futuro como bancário. Começava a surgir ali o barítono que inscreveria o Estado nas atas do canto lírico nacional. Dezoito anos depois, o joinvilense retorna à Capital, para receber uma homenagem no Festival Nacional de Canto Aldo Baldin. E isso num momento especial da carreira, já que, sem interromper a intensa agenda, Douglas acaba de ser nomeado diretor artístico da centenária Sociedade Harmonia-Lyra, em Joinville, onde já é professor. Confira a entrevista.

É a segunda vez que o festival o homenageia pela sua carreira. Que momentos você destacaria nos seus 18 anos?
Douglas Hahn - Preciso reiterar que é a primeira vez que sou homenageado no Festival Aldo Baldin com esse troféu, mas é a segunda vez que recebo um troféu pela Pró Música de Florianópolis, que é a entidade que realiza o festival. Muitos foram os momentos que eu poderia destacar nesses 18 anos de carreira. Tive passagens pelos principais teatros e salas de concerto do Brasil e da América do Sul, como Teatro Amazonas, Theatro Municipal do Rio de Janeiro, Sala São Paulo e o Teatro Colón, de Buenos Aires, onde estreei no ano passado. Também sempre trabalhei em produções com grandes maestros e diretores, e ter essa experiência é realmente gratificante e me deixa muito feliz, já que posso levar o nome de Joinville pelo mundo por meio da arte do canto. Tudo isso aconteceu porque tive a sorte de ter dois grandes mestres do canto lírico, Neyde Thomas e Rio Novello, que me proporcionaram uma formação muito importante para enfrentar uma carreira. Gratidão eterna a esses mestres.

Você se considera mesmo um ícone do canto lírico no Estado? 
Douglas
- Esse termo "ícone" está descrito no troféu que recebi da Pró Música em 2008, por ser um dos poucos artistas líricos catarinenses em carreira na atualidade e também pela minha trajetória durante estes anos. Mas ser um ícone também pode significar uma referência de trabalho e um exemplo a ser seguido por jovens artistas que estão iniciando a carreira no Estado. Nesse sentido, me sinto muito feliz em poder dar esse direcionamento a eles. Sendo assim, acredito que ser um " ícone" é muito gratificante e, claro, por ser um artista joinvilense, poder compartilhar este sonho realizado com a minha cidade. 

Será que isso também não significa que há poucos como você em Santa Catarina? O quê falta?
Douglas
- Certamente existem poucos artistas catarinenses em carreira, pois é um caminho árduo e muito difícil de ser trilhado, devido a formação, escassez de trabalhos e, principalmente, investimento na carreira que é muito alto e nem sempre os artistas conseguem ter um retorno a curto prazo. Mas acredito que nos últimos anos houve um crescente desenvolvimento no trabalho e na formação de novos talentos. Assim, houve também um crescimento nas produções de ópera no Estado. Uma estratégia que poderia ajudar muito no fomento e divulgação da ópera seria a circulação de mais espetáculos, como por exemplo as produções realizadas em Florianópolis, criando assim um público e favorecendo o surgimento de novos expoentes.

De que modo você, como professor, pode ajudar nisso? Já vê um interesse maior, um talento aparecendo nas aulas?
Douglas
- A maior contribuição que um artista pode oferecer, acredito, seja não apenas dar aulas de canto, mas também permitir e direcionar que esses novos talentos tenham espaço e contato com o palco por meio de pequenas produções. O investimento é de médio a longo prazo para se iniciar uma carreira nessa área. Existe, sim, um interesse maior pela arte do canto em diversas cidades do Estado, como Florianópolis, Joinville, Blumenau, Jaraguá do Sul e Chapecó, e muitos trabalhos já começam a dar bons frutos. 

Você será o diretor artístico da Harmonia-Lyra. O que isso significa para você e quais os seus planos?
Douglas - É um grande desafio e, por outro lado, muito gratificante poder repassar o conhecimento obtido durante todos esses anos de carreira para administrar, dar ideias e ajudar a desenvolver a cultura de Joinville. Uma das medidas que estamos desenvolvendo para o fomento da música erudita é o projeto Interlúdio, dedicado a música de câmara, que iniciou em agosto e acontece uma vez por mês, com direção artística minha e produção de Daniele Haak.

Você confirma os planos de um festival de ópera em Joinville? 
Douglas - Sim, está confirmado para 2015 um festival de canto lírico, inédito em Joinville, que vai abranger palestras, oficinas, recitais e a participação de artistas líricos nacionais. Esse festival faz parte das medidas que estão sendo adotadas para a revitalização da Lyra e formação do calendário de espetáculos da entidade. 

Imagino que você esteja exultante com a movimentação da música erudita em Joinville...
Douglas
- Certamente estou muito feliz e encorajado a ajudar a fomentar a música erudita na cidade. Joinville está passando por uma grande transformação nesse sentido, pois o grande sucesso de público da recém-criada Orquestra Cidade de Joinville dá mostras de como a sociedade estava carente desse gênero musical. Em breve teremos também a estreia do Coro Cidade de Joinville. A Camerata Dona Francisca e a Banda do Corpo de Bombeiros Voluntários, que tem a direção de Voldis Eleazar Sprogis, também vêm desenvolvendo um significativo trabalho de formação e divulgação da música na cidade.

Quais os próximos passos na sua agenda?
Douglas - Paralelamente a todas essas novas empreitadas em Joinville, sigo com minha carreira como solista e viajando muito. Na próxima semana, sigo para Manaus, onde me apresentarei no Teatro Amazonas com a ópera L'amore dei tre rè, de Italo Montezzi, sob a direção de Luiz Fernando Malheiro. Ainda devo participar de um concerto na Harmonia-Lyra, em novembro, e encerrar a temporada do projeto Interlúdio, em dezembro.  

.::O Festival

O Centro Integrado de Cultura (CIC) e o Teatro Álvaro de Carvalho (TAC) sediam de amanhã a 17 de outubro a 14ª edição do Festival Nacional de Canto Aldo Baldin. O evento é uma realização da Pró-Música de Florianópolis, com direção artística e coordenação de Claudia Ondrusek.

.::Agende-se

Abertura

Sábado, às 20h, no Teatro Ademir Rosa, no CIC (Avenida Governador Irineu Bornhausen, 5.600, Agronômica, Florianópolis), gratuito

Douglas Hahn será homenageado com o troféu Aldo Baldin e canta La Traviata e canções De Tosti com o pianista Guilherme Amaral.

Exibição de trechos inéditos do documentário Aldo Baldin – Uma Vida pela Música, do cineasta Yves Goulart.

Terça-feira, às 20h, no CIC
Apresentação da comédia Amor por Anexins: O que Vai por Gosto Regala a Vida, de Arthur Azevedo, com a soprano Ruth Staerke, o barítono Licio Bruno e o pianista Claudio Thompson.
Ingressos antecipados: R$ 30 e R$ 15 (meia), que podem ser adquiridos nas bilheterias do CIC, TAC (Rua Marechal Guilherme, 26, Centro, Florianópolis) e Teatro Pedro Ivo (Rodovia José Carlos Daux, SC-401, 4.600, Saco Grande, Florianópolis).

Quarta-feira, às 20h30min, no TAC
Recital de lançamento do CD Ê Vida, Ê Voz!, do cantor Licio Bruno e da pianista Cláudia Marques, com canções de Edmundo Villani-Côrtes
Ingressos: R$ 30 e R$ 15, à venda nas bilheterias dos teatros CIC e TAC

Concurso de Canto Aldo Baldin, de quarta a sexta-feira, no TAC, às 14h
Apresentação gratuita dos 33 cantores selecionados entre os 52 inscritos de todo o Brasil. Há R$ 11 mil em prêmios, que serão concedidos por um júri especializado e por um júri popular. Na sexta-feira, dia 17, às 20h, tem recital de encerramento e premiação.

.::Confira a programação completa no site Pró-música de Florianópolis

A NOTÍCIA
Miro de Souza / Agencia RBS

Barítono Douglas Hann é diretor artístico da Sociedade Harmonia-Lyra, em Joinville
Foto:  Miro de Souza  /  Agencia RBS


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