Pamyle Brugnago  |  pamyle.brugnago@santa.com.br

Quem se arriscou a dizer que os livros ficariam de lado com o advento da internet e dos e-books pode ter se precipitado. Se nos últimos anos o número de empréstimos de livros estava em declive — confirmando a previsão de especialistas — com a redução de 29% em 2012 em relação a 2011 na Biblioteca Municipal Fritz Müller, em Blumenau, no ano passado os projetos de incentivo à leitura trouxeram resultados. Segundo estatísticas da biblioteca, em 2012 foram 5,9 mil empréstimos e em 2013 este número chegou aos 9,4 mil, quase o dobro de livros.

E não para por aí: 8,7 mil pessoas já passaram pelos projetos da biblioteca como o Parque da Leitura, a Biblioteca Ambulante, a Hora da Leitura e as visitas orientadas que têm conquistado interessados no acervo de 65 mil exemplares. Ações semelhantes foram implantadas em Joinville e o trabalho de conquista de leitores feito a longo prazo, em escolas e locais públicos, tem surtido efeito. Em Florianópolis a implantação de um sistema de consulta online do acervo também atraiu um número maior de leitores.

Internet como aliada da leitura E o que tinha tudo para ser um inimigo se tornou aliado. Hoje a internet é usada para divulgar, indicar e trocar informações sobre livros. A doutora em Linguística Aplicada e docente da Furb Adriana Fischer confirma os boatos e questionamentos que surgiram sobre o fim da leitura, tida somente como a leitura de livros físicos, após a propagação da internet, e adverte:

— A leitura não deixará de existir, apenas sua forma é que se altera. Hoje lemos textos em sites, blogs, lemos mensagens no Facebook e até mesmo os recados do WhatsApp. Sobre o sucesso de projetos de incentivo à leitura e o aumento de empréstimo em bibliotecas, tenho algumas hipóteses: as diretrizes de educação e projetos paralelos, como a contação de histórias, dialogam com os alunos e deixam de ser obrigação. As obras têm se adaptado aos novos leitores e a internet facilitado esta descoberta — conclui Adriana, que acredita que o virtual tem incentivado a compra e a leitura de livros físicos em casa.

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A gerente da Biblioteca Municipal Fritz Müller, Verena Pellis Kirsten, aponta diferentes fatores para a sobrevida do local que hoje concorre com o imediatismo das redes sociais e os textos curtos publicados em sites e blogs:

— Hoje em dia as pessoas têm pressa para tudo e acabam esquecendo do prazer que a leitura proporciona. Quando pequenos, temos mais interesse nos livros, mas a correria do dia a dia e as opções de lazer deixam a literatura de lado. É preciso redescobrir o hábito da leitura e os projetos são uma forma de levar os livros para perto das pessoas, o que tem funcionado — reforça a também idealizadora do projeto Biblioteca Ambulante, que leva literatura para oito bairros de Blumenau.

JORNAL DE SANTA CATARINA