Carlos Burle, bicampeão mundial de ondas grandes. Sandro Dias, hexacampeão mundial de skate. Henrique Avancini, nove vezes campeão brasileiro de mountain bike. Rafael Goberna, revelação brasileira de parapente acrobático. Bernardo Cruz, tricampeão brasileiro de Downhill. Todos estarão em Florianópolis daqui a exatamente um mês, no dia 4 de maio, mas não para praticar esportes radicais. Por um dia, eles vão deixar de lado a modalidade em que se consagraram para se dedicar a uma atividade bem menos arriscada: a corrida.

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Tantos nomes de peso só poderiam estar unidos por uma causa nobre: oWings For Life World Run, corrida de escala mundial pela cura na lesão da medula espinhal. A prova acontece simultaneamente em dezenas de países e, no Brasil, a capital catarinense foi escolhida como palco. O evento tem formato inovador. Não há linha de chegada, em vez disso, meia hora após a largada, um carro partirá perseguindo os corredores. Quando o atleta for ultrapassado pelo veículo, sua corrida se encerrará - os últimos a serem alcançados serão os vencedores.

Acostumados a viver do perigo, esse time de atletas radicais deve tirar o desafio de letra. Afinal, a maior vitória será conquistada antes mesmo da largada.

Carlos Burle
 
46 anos, Recife (PE), bicampeão mundial de ondas grandes, tem como recorde uma onda de 22,6 metros.
"Sinto que posso fazer a diferença participando do evento e abraçando essa causa. Este sentimento me motiva não só nesta corrida, como também na minha vida, a superar meus limites. Não estou acostumado a correr, mas vou dar o meu melhor pelo evento! Somos vários unidos por uma causa. No dia 4 de maio essa energia vai estar mais forte e com certeza o resultado será positivo. Para ajudar, Floripa tem uma geografia muito bonita e condições perfeitas para esse tipo de prova"

Sandro Dias

38 anos, Santo André (SP), hexacampeão mundial de Vert, tricampeão europeu e duas vezes medalha de ouro em X games.
"Se cada um fizer um pouco, tirar um tempo da sua vida e se dedicar ao outro, já está ajudando. A cura da lesão na medula espinhal é uma causa incrível e mexe muito com nós, atletas, que dependemos do nosso corpo para atingir resultados e objetivos. O sonho de quem está em uma cadeira de rodas é voltar a andar, e é nosso papel ajudar. Mas nem sei se vou conseguir correr! Minha musculatura é muito diferente. Geralmente, só corro por causas como essa. Não tenho fôlego, preparo nem tempo para treinar. Vai ser um desafio mesmo! "

Henrique Avancini
 
25 anos, Petrópolis (RJ), nove vezes campeão nacional de mountain bike, duas vezes campeão pan-americano e brasileiro melhor ranqueado da história na modalidade XCO, com o 20º lugar.
"O Wings For Life World Run vai fazer com que todos se unam em busca de um objetivo comum. Utilizo a corrida nos meus treinos pré-temporada, mas já faz uns dois meses que não treino, então não sei como será meu rendimento. Na verdade, isso é o que menos importa. Tanto faz se conseguir correr 5km, 10 km. Cada metro já será uma vitória. Essa corrida nos tira da posição de indivíduos e nos coloca como um todo. A lesão na medula pode acontecer com qualquer um de nós, principalmente nos esportes radicais, e é importante mostrarmos que isso não deve ser esquecido. Afinal, quando uma tragédia dessas acontece, não importa seu país, raça ou classe social. A luta é a mesma. "

Rafael Goberna

20 anos, Atibaia (SP), atleta de parapente acrobático, tem como marca registrada a manobra 'Infinity Tumbling', considerada a mais difícil e perigosa do esporte.
Todos os atletas deveriam se unir e doar um pouco de seu tempo para uma causa tão nobre. Espero que haja uma mobilização mundial em prol dessa causa. Vamos todos participar e mobilizar o maior número de pessoas possível para que se torne um marco histórico na busca pela cura da lesão na medula espinhal. Minha meta é correr 10 km, mas vamos ver até onde consigo chegar. Vou me esforçar ao máximo para escapar do carro!"

Bernardo Cruz 

23 anos, Ouro Preto (MG), tricampeão brasileiro de mountain bike downhill e representante do país no Circuito Mundial
"A causa pela qual o Wings For Life luta é bastante clara: descobrir a cura da lesão na medula espinhal. Tenho muito respeito por quem sofreu esse trauma, são verdadeiros vencedores. É por isso que decidi participar da corrida. Essa é uma forma de mostrar ao mundo que estamos lutando por isso também, e que essa causa merece atenção."