| 29/03/2014 15h31min
Um acidente de carro em 2009 interrompeu a trajetória em ascensão do modelo e ex-BBB Fernando Fernandes. Depois de dormir no volante voltando de uma partida de futebol, ele acordou no hospital e recebeu a sentença que mudaria a sua vida: uma lesão na medula espinhal havia tirado o movimento de suas pernas.
Em vez de se esconder da nova realidade, o paulistano buscou no esporte forças para encará-la de frente. Em cinco anos, tornou-se tetracampeão mundial de paracanoagem e exemplo absoluto de superação. No entanto, guarda consigo um desejo que nunca cessa: voltar a andar com as próprias pernas. E é por isso que, no dia 4 de maio, ele vem à Florianópolis participar do Wings For Life World Run, a corrida mundial pela cura de lesões na medula.
Diário Catarinense — Por que aceitou ser embaixador do Wings For Life World Run?
Fernando Fernandes — Acredito que essa corrida vai servir de cobrança para o mundo, a comunidade científica, os políticos. A minha ideia é que realmente o mundo pare no dia 4 de maio para refletir sobre essa causa. A corrida vai existir até que se encontre a cura da lesão na medula espinhal! Essa é a principal mensagem que queremos passar.
DC — Qual foi o papel do esporte na sua recuperação após o acidente?
Fernando — O esporte sempre fez parte da minha vida. Joguei futebol profissional, lutei boxe amador, fiz faculdade de educação física. Após sofrer a lesão, tinha certeza de que o esporte me tiraria daquela situação. Só não sabia qual e de que forma. Minha primeira tentativa foi a corrida São Silvestre, em São Paulo, poucos meses depois do acidente. Terminei os 15 km como penúltimo colocado da categoria, mas sai me sentindo campeão. Consegui o mais importante: resgatar a sensação de capacidade. Depois disso, surgiu a canoagem na minha vida, que foi onde me reencontrei. Para mim, é muito mais do que uma competição, é liberdade.
DC — A corrida acontece simultaneamente em 39 cidades do mundo e tem um formato diferente, com um carro perseguindo os corredores. Acha que isso vai estimular os participantes?
Fernando — A prova não tem o intuito de apontar o cara que cruzar a linha de chegada primeiro como vencedor. A grande missão dela é você fazer o seu melhor, ser campeão da sua história e ainda ajudar milhões de pessoas em todo o mundo que vivem em uma cadeira de rodas. A partir do momento que o corredor entende por que está lá, fica muito mais estimulado. Vencer é o de menos.
DC — O Wings For Life chama também pela participação dos próprios cadeirantes. O esporte é a melhor saída para quem, de repente, se vê paraplégico?
Fernando — O esporte é fundamental. Você trabalha o visual, o copo, a autoestima, a qualidade de vida. Ele é a maior ferramenta de quebra de barreiras. Você está o tempo todo ultrapassando limites, provando ser capaz de realizar tarefas que duvidava e muitas vezes até melhor do que quem não tem deficiência física. O efeito disso na autoestima do cadeirante é monstruoso. Nesta prova, a vitória é você fazer o seu máximo. Romper os padrões impostos pela sociedade e descobrir suas próprias motivações.
DC — Quais são suas próximas metas como paratleta?
Fernando — Em maio, vou para o Havaí fazer uma travessia de 54km em alto mar. Vai ser o maior desafio da minha vida. Depois volto a focar em mais um campeonato mundial, já pensando nos Jogos Paralímpicos de 2016, no Rio de Janeiro.
DC — O que mantém acesa a sua esperança de um dia voltar a andar?
Fernando — Acredito que finalmente o mundo está despertando para a cura da lesão medular. Algumas coisas muito boas estão acontecendo agora. A primeira é a autorização de alguns estudos com células tronco em humanos. A segunda é justamente ver uma campanha como esta, com abrangência global. Não tenho dúvida de que a descoberta da cura está cada vez mais próxima. Como o homem pode ter ido para a lua, pode ter inventado tanta coisa e não consegue descobrir a cura para uma lesão? O ser humano tem capacidade para isso, o que falta é interesse, investimento.
Wings For Life World Run
Data: 4 de Maio.
Horário: 7h.
Local: Florianópolis.
Distância: até 100km.
Inscrições: até 20 de abril pelo site wingsforlifeworldrun.com.
A prova: meia hora após a largada, um carro parte perseguindo os corredores. Quando o atleta é ultrapassado pelo veículo, sua corrida termina. Os últimos a serem alcançados serão os vencedores.
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