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Itapema FM  | 12/02/2014 08h28min

Instrumentistas da Orquestra da Cidade de Joinville começam os ensaios e devem atuar em breve na comunidade

Estreia do grupo será em março, no Teatro Juarez Machado, anexio ao Centreventos Cau Hansen

RAFAELA MAZZARO  |  rafaela.mazzaro@an.com.br

Neste ano, alguns rostos passarão a ser referência por quem frequenta concertos de música em Joinville. A primeira orquestra municipal de Santa Catarina, a Orquestra da Cidade, começou oficialmente os ensaios e, além da agenda de apresentações, vai movimentar uma nova geração de instrumentistas.

O compromisso de 20 dos 31 dos novos contratados da Fundação Cultural de Joinville vai além da preparação para os concertos mensais — a estreia está marcada para março, no Teatro Juarez Machado. Eles assumirão também o cargo de oficineiros de duas formas. A primeira será oferecendo (cada um) aulas para dois alunos com conhecimento intermediário, selecionados via edital, e embrião de uma orquestra jovem que, em breve, também entrará para a programação de apresentações. A segunda se trata de aulas teóricas e práticas para 15 iniciantes da comunidade onde os oficineiros moram. As aulas ocorrerão em salas do Centreventos Cau Hansen.

Ainda sem instrumentos para oferecer aos alunos iniciantes, a Fundação Cultural de Joinville, por meio do Sistema Municipal de Desenvolvimento pela Cultura (Simdec), deve suprir a falta nos próximos meses. Segunda a coordenadora e maestrina do projeto, Fabrícia Piva, inicialmente serão adquiridos instrumentos de percussão, oboé e fagote. A licitação para a compra do primeiro lote será aberta no dia 13.

Os integrantes da Orquestra da Cidade foram selecionados em audição e entrevista no final do ano passado entre 70 inscritos. Eles receberão R$ 550 na categoria bolsa-músico e R$ 900 para os que também desempenham a função de oficineiro. O grupo se reunirá duas vezes por semana, nas segundas e terças-feiras, das 19 às 22 horas, na Sociedade Harmonia-Lyra.

O repertório da estreia da orquestra já está definido. Fabrícia, que atuou a frente de diversas formações na cidade, escolheu obras eruditas e populares. Também está programada uma homenagem ao maestro José Mello, um dos primeiros entusiastas da orquestra municipal. A agenda semestral de concertos ainda não foi definida, mas as apresentações devem ocorrer uma vez ao mês.

O spalla

O primeiro-violinista ou spalla de uma orquestra é o último instrumentista a subir ao palco antes do maestro e quem tem a tarefa primordial em um concerto, pois é ele o responsável pela afinação. Gilson Oliveira Pohl, 34 anos, cumprirá essas funções na Orquestra da Cidade e mais: deve executar solos e atuar como regente substituto.

Mesmo com formação pela Escola de Música Villa-Lobos, da Casa da Cultura, e pós-graduação em música popular brasileira, é para a fotografia que o joinvilense dedicava grande parte de seu tempo até a última semana. Apesar de integrar a Camerata Dona Francisca, o contato com a música ficava restrito às demandas de projetos apoiados por editais.

— Migrei para a fotografia por ter realmente me apaixonado por essa arte, mas gostaria muito de viver da música e ter a fotografia como uma segunda atividade — confessa o joinvilense, que chegou a seguir o destino de muitos músicos da cidade: deu aulas por 12 anos na Casa da Cultura.

A oportunidade oferecida pelo município ainda não dará com que ele abandone totalmente as lentes — o pagamento oferecido ao seu cargo é de R$ 1,6 mil.

— Ainda estamos longe de chegarmos em uma remuneração ideal como orquestra, mas creio que se abriu uma porta para iniciarmos algo com proporções maiores.

Filho de Lenize Pohl, musicista aposentada na Casa da Cultura, Gilson foi escolhido como spalla da Orquestra da Cidade por ter alcançado maior nota entre os violinistas que participaram da seleção. Além de ter integrado a OSSCA (Orquestra Sinfônica do Estado de Santa Catarina) e a saudosa Orquestra Harmonia-Lyra, o violinista já se apresentou em importantes momentos de Joinville, como a inauguração da Escola do Teatro Bolshoi e da atual sede da Prefeitura.

— Uma experiência interessante foi participar de uma turnê com o Cantor Juca Chaves. Fizemos vários shows em Santa Catarina e São Paulo. Com esse trabalho tivemos uma participação no programa Mais Você.



Troca de experiências

As diferenças de idades e experiências fazem da Orquestra da Cidade uma espaço de troca que pode ser muito valioso para quem está dando os primeiros passos na música. Clara Milena Baggenstoss (FOTO ACIMA), 17 anos, estuda violino há sete anos e agora tem a oportunidade de conviver com feras como a fagotista Henriette Hillbriecht, 46 anos, que atuou por 14 anos na Alemanha e hoje participa de formações em Joinville, Jaraguá e São Bento do Sul, e inclusive é regente da Banda Mirim do Corpo de Bombeiros Voluntários.

— Pelo fato de eu ser a mais nova do grupo, vou ter muito mais o que aprender do que trocar experiência — constata a instrumentista mais jovem do grupo.

Clara terá de conciliar o último ano do ensino médio e a preparação para o vestibular para ciências biológicas com a agenda de apresentações da orquestra, mas não será a única a dividir sua rotina a partir deste ano. Henriette também dará continuidade a projetos na região, mas acredita que a formação municipal contribui muito para a sua permanência na cidade, já que, pela escassez de opções, além de a levar para a Europa, também a fez mudar por dois anos para Londrina, no Paraná.

— É um sonho que está se realizando. Fiquei tanto tempo fora e quando voltei as coisas não haviam mudado. Neste momento está todo mundo muito esperançoso — diz a fagotista que está disposta a auxiliar os músicos que estão iniciando.



Um peruano

Há um ano, Geziel Fernandes (FOTO ACIMA), 32 anos, talvez não imaginasse estar tocando em uma orquestra brasileira. Mas o violinista peruano se apaixonou por uma joinvilense em Lima, casou, veio para o Brasil dar continuidade a sua carreira musical e, por sorte, pegou o início de um movimento histórico para o gênero na cidade.

Geziel, que também possui formação em economia, soube desde que chegou à cidade sobre as dificuldades com que a Orquestra da Cidade passava para sair do papel — primeiro foram as vias legais para a formação, depois a barreira em torno de recursos para a colocar a iniciativa em prática. Ele chegou a participar da Orquestra de Espetáculos, projeto também gerido por Fabrícia Piva, e abraçou uma iniciativa de aulas de música em uma igreja do bairro Bucarein, sempre aguardando a oportunidade de tentar a seleção da Fundação Cultural.

— Estou empolgado com o que a orquestra pode gerar para o movimento musical na cidade — afirma.

O peruano tem formação superior em música, onde teve contato com vários instrumentos (teclado, piano, guitarra). Também tem experiência em regência de orquestras.

Pouca distância

Dos 31 instrumentistas, 21 vivem em Joinville. Porém, alguns dos que declararam residência em Curitiba, por exemplo, são músicos da cidade que foram a capital paranaense em busca de aprimoramento. A violinista Amanda Cristina dos Santos, 21 anos, é um desses casos. Em seu último ano no curso superior na Escola de Música e Belas Artes do Paraná, ela agora vê a oportunidade de dar continuidade a profissão que escolheu mais próximo da família.

— Estava esperando pela seleção desde o começo das divulgações — conta.

Outros nomes aparecem de Jaraguá do Sul, Corupá, Itajaí e Colombo (PR). O paulista Isac Demetrios de Lima, 27 anos, vive em Itajaí, mas já mantinha contato frequente com Joinville. Ele dá aulas na escola Arte Maior e há um ano participa da Camerata Dona Francisca, formação independente apoiada por editais de incentivo à cultura. Os compromissos — Isac também é professor da Univali — e a bolsa oferecida pela Orquestra da Cidade não garantem a permanência dele em Joinville, mas ele está, assim como os outros músicos, otimistas com a formação.

QUEM SÃO OS MÚSICOS:

Violino
Spalla e Oficineiro - Gilson Oliveira Pohl
Oficineiro - Isac Demetrios de Lima
Oficineiro - Renan Wilkerson Correa
Oficineiro - Geziel Fernandes
Chefe de Naipe e Músico - Amanda Cristina dos santos
Músico - Guilherme Mendes Perius
Músico - Nilson de Souza Mira Junior
Músico - Clara Milena Baggenstoss

Viola
Chefe de Naipe e Oficineiro - Fernando Rech
Músico - Paulo Eduardo Hogrefe

Cello
Chefe de Naipe e Oficineiro - Alessandra Kanjas
Oficineiro - Isabel Regina Sprogis Fernandes

Contrabaixo acústico
Chefe de Naipe e Oficineiro - Kilder Kanjas
Músico - Tobias Cosme A. de Barros

Oboé
Oficineiro - Jeane Meyer

Flauta
Oficineiro - Larissa da Costa Novo
Chefe de Naipe e Músico - Luiz Fernando Campelo

Clarinete
Oficineiro - Eloan D. Fernandes da Silva

Fagote
Chefe de Naipe e Oficineiro - Henriette Hillbrecht

Sax alto
Oficineiro - Edivaldo Oliveira do Rosário

Sax tenor
Chefe de Naipe e Músico - Abdiel Freire

Trompa
Chefe de Naipe e Oficineiro - Jonatas Rafael Costa

Trumpet
Oficineiro - Alisson Medeiros
Músico - Davi Elias Ryba Soares

Trombone
Oficineiro - Alexandre dos Santos Zultnski

Bateria
Chefe de Naipe e Oficineiro - Maikon Jonas Pontaz

Contrabaixo Elétrico
Oficineiro - Cledemilson da Silva

Piano Erudito
Oficineiro - Felipe Krelling

Piano Popular
Chefe de Naipe e Oficineiro - Edilson Forte Graciano

Guitarra
Oficineiro - Rodrigo Alexandrine de Moraes

Percussão
Músico - Luciano de Araújo

A NOTÍCIA
Leo Munhoz / Agencia RBS

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Foto:  Leo Munhoz  /  Agencia RBS


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