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Itapema FM  | 15/10/2013 07h03min

Europa respira arte contemporânea

Bienais no velho continente exibem o frescor de novos talentos e também de renomados artistas mundiais

Berlim está sempre se reinventando e se reconstruindo. Fiquei muito impressionada com algumas exposições que vi por lá. Arish Kapoor é um dos grandes nomes entre os artistas contemporâneos de maior prestígio na atualidade. Quem não fica boquiaberto com as enormes esculturas desse indiano que conquistou o mundo com materiais diversos e obras de alta complexidade de execução?

Na capital da Alemanha, ele apresenta a maior exposição da carreira, intitulada Não-Retrospectiva. O local escolhido foi o Museu Martin-Gropius-Bau, com 3 mil metros quadrados dedicados às 70 obras do artista. Um território que aguça os sentidos e brinca com diversos materiais como pedra, aço, cera, pigmento e PVC – todos em função de sua imensa capacidade de reinventar maneiras de utilizá-los.

Ainda em Berlim, o Museu Hamburger Bahnhof expõe o acervo da sueca Hilma Af Klint (1862-1944), que foi cuidadosamente embrulhado para presente durante anos e anos. A artista tinha consciência do que representava e acreditava que o mundo, na época, não estava preparado para sua arte. Ela criou obras abstratas desde 1906, mas nunca exibiu seus trabalhos.

Durante a vida, expôs apenas retratos e paisagens. No testamento, foram deixadas instruções claras a respeito do destino do legado abstrato, programado para se tornar público somente 20 anos após sua morte. Hilma temia que os contemporâneos não fossem capazes de entender o real significado da obra e assim prorrogou a aparição para um momento que, segundo ela, seria mais oportuno. Hoje ela é tida como uma das grandes artistas suecas.

A mostra no Hamburger Bahnhof apresenta cerca de 200 peças, que incluem os mais importantes trabalhos abstratos, de grandes telas a pequenos desenhos, que desde os anos 1980 vêm sendo exibidos em pequenos números. Pela primeira vez, essas obras que passaram décadas no ostracismo, poderão ser vistas em abundância e de maneira contextualizada.

Outro espaço que deve ser visitado por lá é o ABC – Art Berlin Contemporary, que expõe produção de artistas do mundo todo. A exposição Berlin Art Week, que ocorreu entre 17 a 22 de setembro, contou com 28 mil visitantes. Cerca de 130 galerias internacionais com mais de 80 trabalhos inéditos tomaram conta da estação inativa da cidade.

Veneza é vitrine internacional

A cada dois anos, Veneza é o centro do mundo da arte. Até o dia 24 de novembro ocorre a 55ª edição da Bienal de Arte de Veneza, uma vitrine internacional para artistas de várias partes do planeta. O evento deste ano tem a curadoria do jovem Maximiliano Gioni, um expert das artes plásticas, responsável pela escolha do tema O Palácio Enciclopédico, que serve como reflexão e coloca em debate a era da informação e dos bancos de dados intermináveis a serem catalogados, com a ilusão de concentrar o conhecimento universal num mesmo lugar.

As principais obras concentram-se no pavilhão central, que neste ano trouxe o Livro Vermelho do filósofo contemporâneo de Freud, C.G. Jung. Esta é considerada uma relíquia tanto para a psicanálise quanto para as artes plásticas. As mais de 200 páginas foram desenhadas primariamente pelo próprio Jung e são verdadeiras preciosidades.

Além do central, os pavilhões dos países também chamam atenção. As obras existentes são de curadoria local de cada nação, porém não necessariamente de artistas locais. No espaço da Alemanha, por exemplo, o chinês Ai Weiwei expõe a obra de arte Bang – um emaranhado de bancos de madeira dos tempos da dinastia Qing, formando uma frágil escultura. Já a belga Berlinde De Bruyckere reuniu raízes e galhos de árvores para dar forma a um corpo perturbador. Nesse caso, a madeira é apenas uma imitação feita de cera.

No mesmo período, também em Veneza, ocorreu a exposição do britânico Marc Quinn na Fondazione Giorgio Cini, que inclui uma estátua enorme em frente à basílica na Ilha de S. Giorgio, obra que mudou a cara do Canal Grande e o skyline da ilha. É a primeira vez que o local recebe uma mostra individual. As obras são uma compilação dos últimos trabalhos importantes do artista, que não conseguem passar despercebidas por ninguém, já que são muito impactantes e sempre despertam sentimentos duvidosos como repulsa, espanto e assombro.

*arquiteta catarinense

JULIANA PIPPI*
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