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 | 05/08/2013 06h02min

Comissão define cinco terrenos na Capital que poderiam receber o novo Museu da Ponte Hercílio Luz

Local deve ser decidido pelo prefeito Cesar Souza Junior e governador Raimundo Colombo

Sâmia Frantz  |  samia.frantz@diario.com.br

Nesta segunda-feira, quando chegar na prefeitura, Cesar Souza Junior receberá um mapa da Capital assinalado com cinco pontos estratégicos espalhados entre as cabeceiras insular e continental das três pontes. Será o primeiro esboço de um compromisso que ficou esquecido nas gavetas da prefeitura e do Estado pelos últimos oito anos: a construção do novo Museu da Ponte Hercílio Luz.

Estudadas com afinco por dois meses, as regiões indicadas no mapa representam as melhores áreas para receber o prédio, agora que a revitalização do maior símbolo do Estado está em andamento. O material foi elaborado pela mesma comissão que definiu como ficariam os entornos viários da cidade após a conclusão das obras da ponte. O grupo — de quase 20 pessoas, entre servidores municipais, estaduais e federais —, porém, não conseguiu chegar a um consenso. Souza Jr. recebe as cinco sugestões de terreno em primeira mão, mas a decisão não será só dele: o governador Raimundo Colombo será acionado para debater a escolha do local.

:::Confira no mapa quais são os terrenos estudados para abrigar o museu e os pontos positivos e negativos de cada um
Ver Terrenos do museu da Ponte Hercílio Luz num mapa maior

Depois de pronto, o museu será o lar dos quase 600 itens ainda remanescentes da ponte nos seus quase 90 anos de história: são 444 peças originais da planta e da estrutura, cerca de 100 fotografias de época e outros oito itens de reposição e equipamentos.

Todo esse acervo está guardado, desde 2005, no Arquivo Histórico do Estado, no Bairro Saco dos Limões, em Florianópolis, depois de ser retirado às pressas do primeiro endereço que o Museu da Ponte teve em Santa Catarina: um casarão de madeira construído ao lado do Parque da Luz, hoje escondido pelos tapumes da obra. Foi lá que o material ficou em exposição permanente por 15 anos, desde a inauguração, em 1990. O espaço inadequado, a umidade e a proximidade com o canteiro de obras que se preparava para dar início aos trabalhos foram determinantes para o recolhimento do material.

— O local era apertado, a casa estava velha e tinha muito cupim. Algumas coisas foram se deteriorando com o tempo e, por isso, foram retiradas de lá — lembra o engenheiro do Deinfra Antônio Carlos Xavier, hoje aposentado, que era responsável pelo antigo museu nos 15 anos em que ele esteve em atividade.

De acordo com o livro de registro da época, 20 pessoas em média visitavam o local por dia — número que duplicava entre janeiro e fevereiro. Eram moradores, turistas e curiosos que não se saciavam apenas em fotografar a ponte de seu melhor ângulo do Parque da Luz: queriam também ver tudo que estava relacionado à sua construção, nos anos 20, época de tecnologias limitadas e que, mesmo assim, permitiram que a obra inteira fosse feita em menos de quatro anos.

Depois de encaminhado ao Arquivo Histórico, as peças mais afetadas passaram por uma minuciosa restauração. Então, seguiram para exposições itinerantes espalhadas pelo Estado. Irão permanecer no Arquivo até que se concretize o protocolo de intenção firmado em 2005 entre Estado e município, que promete a construção definitiva de um novo museu.

— Esta é o tipo de obra imprescindível, que resgata toda a história de um símbolo centenário e seu povo, fortalecendo o conhecimento e a proximidade entre eles — diz engenheiro da Secretaria de Obras de Florianópolis Dalton da Silva.

Museu está incluído na proposta de revitalização da ponte

Oito anos após o fechamento do casarão, a ideia de um novo museu volta a surgir com força no Estado. É uma espécie de contrapartida cultural feita pelo governo do Estado aos recursos obtidos por meio da Lei Rouanet que custeiam a revitalização da ponte. Junto com a reforma, o governo também previu, no plano encaminhado ao Ministério da Cultura, a realização de um projeto de implementação para o museu. O material, formado por estudos de conceitos arquitetônicos, museografia e museologia, é de responsabilidade da Fundação Catarinense de Cultura (FCC) e foi finalizado em 13 de fevereiro.

Segundo a analista técnica da instituição, Maria Teresa Collares, não se trata de um projeto de arquitetura pronto, mas de uma relação que indica os requisitos mínimos que o local precisa ter, como auditórios e espaços de convivência. A proposta é aproveitar a estrutura metálica retirada da ponte durante as obras - sobretudo as barras - para utilizar como elementos de destaque na fachada do museu e que ele seja todo em vidro estrutural transparente.

Embora o custeio do estudo esteja previsto nos recursos da Lei Rouanet, o investimento da construção não diz respeito ao incentivo. O dinheiro deve sair dos cofres públicos do Estado - e não está descartada uma parceria com o município. O valor ainda não foi definido, assim como o prazo máximo para a construção do museu . Só o que se sabe até agora é que o projeto precisa respeitar o período de captação e execução da Rouanet, que encerra em dezembro deste ano. Mas tem a possibilidade de ser prorrogado por outros dois.

::A Ponte Hercílio Luz

É tombada como patrimônio histórico, artístico e arquitetônico nos âmbitos municipal, estadual e federal. Receberia, inicialmente, o nome de Ponte da Independência em homenagem ao centenário da Independência do Brasil (pedra fundamental foi lançada em 7 de setembro de 1922).

— 339,5 metros é a extensão do vão central. É a maior ponte pênsil do Brasil.

— 40 mil pessoas era a população de Florianópolis na época.

::Linha do tempo

— 1922 - Início da construção, em novembro.

— 1924 - Morre o governador Hercílio Luz, idealizador da ponte.

— 1926 - Inauguração em 13 de maio.

— 1982 - Por causa de problemas estruturais, a ponte foi fechada ao tráfego.

— 1988 - Foi reaberta em março para a circulação de pedestres, ciclistas, motociclistas e veículos de tração animal.

DIÁRIO CATARINENSE
Daniel Conzi / Agencia RBS

Museu será o lar dos quase 600 itens ainda remanescentes da ponte nos seus quase 90 anos de história
Foto:  Daniel Conzi  /  Agencia RBS


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