| 14/09/2005 10h38min
Sob a contestada presidência de Severino Cavalcanti (PP-PE), a sessão de hoje à tarde na Câmara dos Deputados pode produzir a primeira punição decorrente do escândalo do mensalão. Se 257 colegas desejarem, em votação secreta, Roberto Jefferson (PTB-RJ) perderá o mandato e os direitos políticos até janeiro de 2015.
Embora tenha dito que sublimara o mandato – ou seja, que não se importaria em perdê-lo – ao fazer as denúncias que fizeram eclodir a crise política, o ex-presidente nacional do PTB ainda ontem tentava sabotar e barrar a punição. A Comissão de Constituição e Justiça negou o último recurso dos advogados de Jefferson contra a decisão do Conselho de Ética que colocou o petebista na guilhotina por ter feito denúncias sem apresentar provas e ter admitido o recebimento de R$ 4 milhões do PT em 2004 sem declarar à Justiça Eleitoral.
O que mais se espera da fala de 25 minutos que Jefferson fará em sua defesa é a possível apresentação de provas. Também há a expectativa de que possa agregar uma nova acusação. Na segunda-feira e ontem, o advogado gaúcho Luiz Francisco Barbosa conversou com o seu cliente sobre a estratégia para convencer os deputados de que o petebista merece continuar no Congresso.
– Jefferson vai se concentrar em mostrar que fez as denúncias como uma prerrogativa do seu mandato, protegido pela imunidade, e que não pode ser punido por isso – afirma Barbosa.
O advogado admite que Jefferson poderá recorrer à Justiça comum caso seja derrotado pelo plenário. O PTB também se preparou para socorrer o ex-comandante. Se for necessário, a tarefa de fazer discursos em favor da permanência caberá ao líder José Múcio Monteiro (PTB-PE), a Nelson Marchezelli (PTB-SP) e a Luiz Antônio Fleury (PTB-SP).
Substituto de Jefferson, o atual presidente do PTB, Flávio Martinez (PR), garante que os 45 parlamentares do PTB vão votar em bloco contra a perda de mandato. Martinez lembra que as sucessivas derrotas ao longo do processo são um prenúncio sombrio. E deposita as últimas esperanças nas dificuldades de quórum. São necessárias, no mínimo, 257 presenças para a cassação se concretizar.
O show do cassável |
A cada aparição, Jefferson mira o canhão para o governo e o PT: |
Ataques a PT e a Dirceu |
Em depoimento ao Conselho de Ética no dia 14 de maio, inocentou Lula, mas disse que José Genoino e Delúbio Soares avalizaram doação de R$ 4 milhões de caixa 2 ao PTB e que José Dirceu comandava o esquema do mensalão. |
Endereço do dinheiro |
À CPI dos Correios, em 30 de junho, Jefferson (E) revelou o local onde os supostos saques do mensalão eram feitos: Banco Rural do Brasília Shopping. |
Operação Portugal |
No aguardado embate com Dirceu no Conselho de Ética, no dia 2 de agosto, Jefferson afirmou que o ex-ministro aproximou Lula, o PT e o PTB da Portugal Telecom, em busca de auxílio financeiro para pôr em dia as contas das duas siglas. |
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