| 01/09/2005 15h
Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito dos Bingos, o médico João Francisco Daniel, irmão do ex-prefeito de Santo André (SP) Celso Daniel, do PT, assassinado em janeiro de 2002, acusou o chefe de gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Gilberto Carvalho, de ter participado de esquema de corrupção naquela prefeitura para a formação de um "caixa dois" destinado à arrecadação de recursos para o PT. A acusação levou o senador José Jorge (PFL-PE) a pedir a imediata demissão de Gilberto Carvalho.
João Francisco entregou aos integrantes da CPI um dossiê sobre o esquema de corrupção na prefeitura de Santo André que, conforme sua avaliação, precipitou a morte de seu irmão.
Os recursos arrecadados para o PT, completou o irmão de Celso Daniel, seriam levados para o escritório do então presidente do partido, atual deputado José Dirceu (PT-SP), e utilizados na campanha presidencial de Lula. João Daniel também detalhou um esquema de recebimento de propina na prefeitura, que contava com a ajuda dos empresários Ronan Maria Pinto e Sérgio Gomes da Silva, o "Sérgio Sombra", que, segundo afirmou, participou do seqüestro de Celso Daniel. Esse dinheiro, relatou, também era repassado diretamente a José Dirceu e era levado por "Sérgio Sombra" de Santo André para a cidade de São Paulo num Corsa preto.
O irmão de Celso Daniel contou aos senadores da CPI que o principal mentor do esquema de corrupção em Santo André era o então secretário de obras da prefeitura, Klinger de Oliveira Souza. O depoente disse que as evidências do processo que trata da arrecadação de propina na prefeitura da cidade podem ser relacionadas ao assassinato do ex-prefeito. Segundo o médico, caberá a polícia coletar evidências e, ao Judiciário decidir sobre o caso.
João Francisco lembrou que mais de seis pessoas relacionadas ao caso já foram assassinadas e disse que tem recebido ameaças veladas.
O médico disse também que o que precipitou a morte de Celso Daniel foi um dossiê que ele preparava sobre o esquema de corrupção na prefeitura. Afirmou ainda que Celso foi "barbaramente torturado" antes de morrer porque "eles queriam informações".
Encontrado no arquivo do prefeito morto, o dossiê, que trata de operações ilegais na prefeitura, também foi anexado ao processo sobre o assassinato de Celso Daniel. Tais operações ilegais teriam sido atribuídas ao seu ex-segurança e empresário Sérgio Gomes da Silva, conhecido como "Sérgio Sombra", que estava com o ex-prefeito na Pajero quando Celso Daniel foi seqüestrado.
Ao referir-se à participação do ex-segurança no seqüestro, João Francisco disse que, segundo uma testemunha, "Sérgio Sombra" deu um chute no então prefeito antes de este ter sido assassinado, e pagou US$ 40 mil para os seqüestradores de Celso Daniel. Testemunhas contaram ainda, conforme relato de João Francisco, que "Sérgio Sombra" é uma pessoa de temperamento extremamente violento e que costumava impor suas vontades, ameaçando as pessoas com um revólver. Apesar de várias testemunhas terem sido assassinadas, o irmão do prefeito disse que não tem medo de ser morto.
Sobre a chamada "máfia do lixo", João Francisco disse que teve informações, em 2002, de que a empresa de lixo Rotedale, cujo dono é Ronan Maria Pinto, também proprietário de uma frota de ônibus, alterava a tonelagem do que realmente coletava. Disse que há um processo correndo em Santo André sobre esse caso.
João Francisco informou que desde o dia da morte de seu irmão busca informações sobre as causas e os mandantes do assassinato.
- Minha luta não é político-partidária, só quero que se faça justiça - disse.
O irmão de Celso Daniel disse ainda que a morte do ex-prefeito foi causada por meio cruel e que Celso Daniel foi torturado antes de morrer. O depoente citou processo que tramita na Comarca de Itapecerica, em São Paulo, comprovando que o crime foi planejado. Ele contestou declarações de que foi crime comum.
O senador Romeu
Tuma (PFL-SP) disse que será necessário dar segurança a João
Daniel, devido a sua difícil situação e a suas declarações. José Dirceu já moveu um processo contra João Daniel por danos morais, segundo o depoente contou à CPI.
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