| 16/08/2005 19h45min
O presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Mensalão, Amir Lando, acredita que o primeiro secretário e ex-tesoureiro informal do PTB, Emerson Palmieri, confirmou, mesmo que involuntariamente, que sua viagem a Portugal, em janeiro, ao lado do empresário Marcos Valério, tinha por objetivo arrecadar recursos para o partido. A revelação foi feita durante o interrogatório do deputado Mendes Tame (PSDB-SP).
– O senhor sabe que a constituição federal, no capítulo dos partidos políticos, proíbe que um partido recebe recursos financeiros de uma entidade ou governo estrangeiro, e mesmo assim o senhor, que é dirigente partidário há tanto tempo, viajou para o Exterior para ir buscar dinheiro de uma entidade estrangeira? – questionou Tame.
– A informação que eu tive do senhor Marcos Valério é de que esse dinheiro entraria no Brasil através de uma 'tele', no Brasil. Não é dinheiro de lá - respondeu Palmieri.
Nesse momento, Lando interveio no depoimento para fazer uma observação.
– Eu só quero registrar que agora Vossa Senhoria reconhece que um dos objetivos da viagem era obter vantagens para o partido. Vossa Senhoria até agora negava isso insistentemente. É o que eu digo, nega-se com solenidade, mas de repente, a verdade transparece – disse o presidente da CPI.
Palmieri afirmou que nunca participou de reunião com o deputado José Dirceu (PT-SP), ex-ministro chefe da Casa Civil, para tratar sobre o repasse de verbas do PT para o PTB. No entanto, ele disse que José Dirceu sabia das negociações nesse sentido, porque o deputado Roberto Jefferson (PTB –RJ) conversava com o ex-ministro sobre o assunto.
O ex-tesoureiro disse que José Dirceu sempre era consultado após as reuniões com os dirigentes do PT. Segundo Palmieri, depois das conversas com o ex-ministro, os dirigentes do PT afirmavam que estava tudo certo com relação ao repasse dos recursos.
Palmieri reafirmou que o PT repassou para o deputado Roberto Jefferson R$ 4 milhões em duas parcelas: a primeira de R$ 2,2 milhões e a segunda de R$ 1,8 milhão. Ele disse não saber como a verba foi utilizada. O ex-tesoureiro explicou aos parlamentares que guardou o dinheiro no cofre do PTB e, três dias depois, disse ao deputado Roberto Jefferson que, por questão de segurança, estava preocupado com a quantia que estava no cofre. Roberto Jefferson teria dito, então, que o dinheiro não estava mais lá.
Emerson Palmieri contestou também a veracidade da lista de sacadores entregue pelo empresário Marcos Valério à comissão. Pela lista, o ex-tesoureiro teria sacado R$ 2,4 milhões das contas da agência de publicidade de Marcos Valério. Palmieri reconheceu dois saques de R$ 100 mil feitos por Alexandre Chaves, que, segundo ele, foi motorista de Ciro Gomes quando o PTB apoiou o candidato à Presidência da República.
O ex-tesoureiro afirmou que os R$ 200 mil teriam sido repassados à filha do motorista, que estava com problemas pessoais. Palmieri disse saber também de um outro saque de R$ 145 mil para pagamento de despesas em propaganda de televisão e um outro de R$ 200 mil que o deputado Romeu Queiroz (PTB-MG) teria repassado para o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) também para pagamento de programas de televisão.
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