| 01/08/2005 08h33min
Intriga, suspense e mistério alimentados a grampos telefônicos fazem parte de um imbróglio pronto a ser aberto pelas CPIs que investigam corrupção: o assassinato do ex-prefeito de Santo André, Celso Daniel (PT), ocorrido em janeiro de 2002.
Daniel, coordenador do plano de governo do então candidato a presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi assassinado com vários tiros em 20 de janeiro de 2002, dois dias depois de ser seqüestrado quando jantava num restaurante em São Paulo.
Embora as investigações apontassem para um seqüestro, o Ministério Público (MP) conseguiu depoimentos que apontam para homicídio político. Presidiários falam que uma quadrilha teria sido contratada para matar Daniel. O motivo: ele teria ameaçado denunciar companheiros petistas da prefeitura por desviarem dinheiro extorquido de empresários.
Um dos irmãos de Daniel, o médico João Francisco, admite que o prefeito sabia da caixinha de R$ 100 mil mensais oriunda das empresas de ônibus, mas imaginava que ela se destinava ao partido. Teria rompido com os colegas ao descobrir que parte do dinheiro ia para o bolso de alguns.
O MP denunciou pela morte um dos maiores amigos de Daniel, o empresário Sérgio Gomes da Silva, o Sombra - o homem que acompanhava Daniel na noite do seqüestro. Sombra alegou que o sistema de travas da caminhonete falhou, permitindo que bandidos seqüestrassem o prefeito. Perícias comprovaram que ele mentiu: as travas estavam funcionando e só poderiam ter sido abertas por dentro.
Os promotores Amaro Thomé Filho e Roberto Wider conseguiram seis depoimentos de empresários do transporte coletivo acusando Sombra de ser o arrecadador das propinas. Entre os documentos apresentados pelos empresários, estão listas com as quantias destinadas pelas companhias à conta de Sombra, corroboradas por comprovantes de depósitos feitos por um dos empresários, Luiz Gabrilli Filho, na conta do empresário. Os depoentes são taxativos ao afirmar que o suborno se destinava aos integrantes da prefeitura.
Os promotores guardam ainda um trunfo formado por 180 ligações telefônicas monitoradas pela Polícia Federal. Nelas, Sombra e integrantes da cúpula do PT discutem estratégias para a defesa do empresário.
Um dos mencionados é o deputado José Dirceu (PT-SP). Quando sentar no banco da CPI dos Correios, provavelmente na próxima semana, Dirceu poderá ser chamado a explicar por que seu nome é invocado nas conversas entre Sombra e dirigentes petistas.
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