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 | 07/03/2008 12h33min

Mulheres olímpicas: Brasil busca 1ª medalha no individual

Brasileiras só subiram no pódio nas modalidades coletivas

Isabela Vieira  |  isabela.vieira@rbsonline.com.br

Freqüentemente apontado como futura potência olímpica, o Brasil vive um paradoxo quando se trata de Jogos Olímpicos: forte nos esportes coletivos, o país engatinha nos esportes individuais. O desempenho das mulheres, então, impressiona negativamente: nenhuma brasileira conseguiu a façanha de levar para casa uma medalha em modalidades individuais em 112 anos de história olímpica moderna. Nada. Nem um ouro, nem uma prata, nem um bronze.

Em Atlanta, medalha nos esportes coletivos

A primeira medalha olímpica das mulheres brasileiras demorou a sair. Foi em Atlanta-1996 – cem anos depois, portanto, da primeira olimpíada da era moderna. Na final do vôlei de praia em Atlanta, Sandra e Jaqueline levaram o ouro e Mônica e Adriana, a prata. Ainda naquela edição dos Jogos, as mulheres do Brasil conquistariam a prata no basquete e o bronze no vôlei.

A evolução nos esportes coletivos contrasta com as dificuldades das categorias solitárias.  Quem chegou mais perto ficou no quase: a lutadora Natália Falavigna, 4º lugar no taekwondo, em Atenas-2004, e a pioneira Aída dos Santos, 4º lugar no salto em distância, em Tóquio-1964. Favorita no solo, a ginasta gaúcha Daiane dos Santos conquistou o 5º lugar em 2004. Nos três casos, resultados inéditos, frutos de muito trabalho e dedicação espartana, mas pouco expressivos no cenário internacional.

– É muito difícil a vida de um atleta brasileiro de esportes individuais. Se formos fazer um histórico, vamos ver que todos os destaques que tivemos são estrelas pontuais que por talento, sorte ou até mesmo condições financeiras próprias conseguiram chegar lá. São poucos que resistem e não desistem da carreira profissional – destaca a jornalista Deca Soares, da editoria de Esportes de Zero Hora.

Para a repórter, o caso feminino é ainda mais complicado:

– Que mulher brasileira sem apoio algum resistiria a viajar os 12 meses do ano pelo mundo, jogar um torneio por semana, não poder namorar, tirar do próprio bolso a grana do técnico, do fisioterapeuta, dos hotéis, das viagens para praticar esportes? Não é nada fácil.

Jade é a aposta para 2008

Para Pequim-2008, as chances reais de medalha para mulheres nos esportes individuais são pequenas. Depois de bons resultados no Pan e no Mundial da categoria, a ginasta Jade Barbosa é a principal esperança brasileira. Mas temos chances de pódio também no judô, com Mayra Aguiar e Edinanci Silva, e no taekwondo, com Natália Falavigna. Fabiana Mürer pode surpreender no salto com vara.

Dificuldades à parte, o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) parece otimista. Para o Gerente do Departamento Técnico da entidade, Jorge Roberto Perillier, as mulheres estão cada vez mais próximas da sonhada medalha individual:

– A participação das mulheres em Jogos Olímpicos está evoluindo gradativamente tanto em quantidade quanto em qualidade. A primeira medalha feminina em modalidades individuais é uma questão de tempo.

Para Deca Soares, o que falta às mulheres são mais iniciativas como a da ginástica e do judô, que trabalham com seleções permanentes.

– Acredito que o sucesso da ginástica olímpica se deve ao fato de a seleção brasileira ter sido reunida em Curitiba. Um esporte individual, mas que treina como coletivo.

Talvez esteja aí a receita para o caminho das medalhas: unir forças e pensar o individual como coletivo.

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