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Recados do presidente de honra do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, e do presidente nacional da sigla, deputado federal José Dirceu (SP), convenceram o governador Olívio Dutra de que era preciso fazer um gesto conciliatório no confronto com o prefeito Tarso Genro na prévia do dia 17 de março.
A eleição, que indicará o candidato do PT ao governo do Estado, é um pesadelo para a direção nacional da sigla. O temor é que a disputa possa revelar mazelas da administração estadual e complicar a situação de candidatura de Lula ao Palácio do Planalto no Rio Grande do Sul.
Os recados de Dirceu e Lula foram enviados por meio de terceiros a Olívio e também a Tarso durante o 2º Fórum Social Mundial. O principal interlocutor de Dirceu na ala de Olívio é o chefe de Gabinete do governador, Laerte Meliga, e no setor de Tarso, o próprio prefeito.
– Eu trabalho pelo acordo, essa é a minha posição. Lula pensa assim também – é o refrão do presidente nacional do PT .
Ao mesmo tempo, o governador ouviu de seu chefe de Gabinete, Laerte Meliga, uma proposta de negociação feita pelo chefe da Casa Civil, Flávio Koutzii. A idéia seria oferecer ao grupo de Tarso as pastas da Casa Civil (Koutzii, pré-candidato ao Senado, deve reassumir como deputado na Assembléia Legislativa para concorrer) e a Secretaria-Geral de Governo, hoje acumulada pelo vice-governador Miguel Rossetto. Durante o Fórum, Koutzii fez a proposta chegar à Democracia Socialista (DS), do vice-governador, e ao PT Amplo, ligado a Tarso.
Um telefonema do deputado Ronaldo Zülke para o vice-prefeito de Santa Maria, Paulo Pimenta, deflagrou a aproximação. Zülke pertence à DS, que apóia Olívio, e Pimenta, ao Amplo. Era a tarde do dia de Nossa Senhora dos Navegantes, 2 de fevereiro, sábado. Pimenta estava nos corredores da PUCRS quando recebeu a ligação de Zülke, horas depois de Tarso e Olívio terem percorrido o trajeto da procissão lado a lado.
– O momento é delicado, precisamos conversar – disse Zülke.
Um novo contato ficou marcado para o dia seguinte. Na manhã de domingo, em reunião da cúpula do PT Amplo no apartamento de Tarso, no bairro Rio Branco, a corrente avaliou a forte mobilização dos simpatizantes de Olívio durante o Fórum e decidiu reafirmar à cúpula nacional a intenção de participar da prévia, além de tornar públicas críticas à atuação dos adversários ao longo do evento.
– Se pensam que estou blefando, estão muito enganados. A minha candidatura tem fundamento. Precisa haver um fundamento da candidatura do governador – disse Tarso por volta do meio-dia a José Dirceu, durante almoço em seu apartamento.
Participaram também do almoço a prefeita de São Paulo, Marta Suplicy, e o secretário-geral do partido, Luiz Dulci. Depois da saída dos convidados, o telefone tocou. Era Zülke. A conversa entre o Amplo e a DS foi acertada para as 20h30min. O local seria o Coffee Shop, café situado no Centro Comercial Nova Olaria, no bairro Cidade Baixa.
A DS enviou Zülke, o secretário da Fazenda, Arno Augustin, e o secretário-geral do partido no Estado, Francisco Vicente. O PT Amplo comparece com Estilac, Ferreira e o secretário de organização do partido, Vitor Labes. Os últimos chegam atrasados
– Nosso atraso é de alguns minutos, e o de vocês, de três anos – brincou Estilac, aludindo à ausência de diálogo entre as duas partes desde a prévia que consagrou Olívio como candidato a governador, em 1998.
Depois de mútuas recriminações, os representantes da DS iniciam uma sondagem. Reconhecem que há desequilíbrio na representação das tendências no governo e que pensam em reverter a situação.
– Há uma alteração na composição do governo em função do horário eleitoral, vários secretários serão candidatos – disse Zülke. Nesse momento, a a delegação da DS coloca as cartas na mesa: os moderados poderiam ocupar a Secretaria-Geral de Governo e a Casa Civil.
– Não tem a menor chance. Não vamos abrir mão de opiniões em função de cargos – reagiu Estilac.
Ainda assim, uma questão foi apresentada ao trio da DS:
– Vocês falam em nome do governador?
Era a senha que Olívio esperava para assumir um papel central e independente na negociação. Na terça-feira, Meliga ligou para líderes do Amplo. O governador pedia uma reunião com a cúpula da corrente às 17h, cerca de cinco horas depois do encerramento do Fórum Social. Tarso acabara de reagir violentamente contra uma suposta censura sofrida na TVE. Enquanto o prefeito acusava o governo do Estado de “discriminatório e stalinista”, a cúpula do Amplo se preparava para um encontro com Olívio no Piratini no dia seguinte.
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