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 | 21/10/2005 15h44min

José Dirceu contesta relatório do Conselho de Ética

Ex-ministro voltou a negar existência do mensalão

O deputado José Dirceu (PT-SP) distribuiu hoje à imprensa um estudo com que pretende provar que o mensalão não existiu. Durante entrevista coletiva convocada por ele, Dirceu disse desconhecer os empréstimos do PT e contestou pontos apresentados pelo relator do seu processo de cassação no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara. O relatório de Júlio Delgado (PSB-MG), apresentado na última terça, pediu a cassação do mandato do ex-ministro.

– Não existe e não está provado o mensalão. A CPI ainda não concluiu os trabalhos – afirmou o petista.

Dirceu renovou a argumentação de que estava fora da Câmara quando ocorreram os fatos que lhe são imputados e que, por isso, o Conselho de Ética não tem competência para julgar o seu caso. No relatório, Delgado afirma que o ex-ministro estava apenas afastado temporariamente de seu cargo de deputado e que o órgão pode sim cassar o seu mandato por quebra de decoro parlamentar.

Dirceu rebateu ainda a sua participação na cúpula nacional do PT durante o período em que a sigla realizou empréstimos por meio do publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza. Ele citou trechos dos depoimentos de Marcos Valério e de Renilda de Souza nos quais esses dizem terem sido informados de que Dirceu sabia dos empréstimos por Delúbio Soares, ex-tesoureiro da legenda. O ex-ministro lembrou que Delúbio já negou inúmeras vezes a informação e que não há nenhuma testemunha que prove que tenha contiado exercendo algum cargo na executiva nacional ou algum poder de decisão no comando do PT.

– De quantas reuniões e comissões do partido eu participei após assumir a chefia da Casa Civil? É público e notório que eu abandonei o PT. Pode ter sido um erro eu ter feito isso mas eu nunca mandei no PT – afirmou.

Segundo Dirceu, Delgado retirou trechos dos depoimentos de Renilda e de Valério que distorcem a realidade dos fatos. O ex-ministro afirmou ainda que não há telefonemas provando sua ligação com o publicitário. Lembrou que Arlindo Chinaglia (PT-SP), secretário do partido na época em que Dirceu foi presidente, deixou claro às CPIs que o ex-ministro não tinha conhecimento das ações do Delúbio Soares como tesoureiro do PT.

–  Eu não sabia dos empréstimos do partido. Os depoimentos de dirigentes, como o ex-presidente José Genoino deixam claro que não estou ligado com isso – disse.

 
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