| 13/10/2005 14h52min
Apesar de técnicos do setor e do Ministério da Agricultura terem descartado a hipótese de uma contaminação proposital do rebanho em Mato Grosso do Sul, começaram investigações sobre a possibilidade de crime na introdução do vírus da febre aftosa no Brasil.
O serviço de inteligência do Departamento de Operações de Fronteira (DOF) daquele Estado iniciou ontem uma investigação na fronteira com o Paraguai, a pedido do secretário da Produção e Turismo, Dagoberto Nogueira Filho.
Porém, o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, admitiu que a mutação do vírus pode ser uma das explicações para o surto de aftosa que atinge a região. Além do foco constatado na Fazenda Vezozzo há suspeitas de pelo menos dois outros focos no município de Japorã. Segundo Rodrigues, técnicos brasileiros e estrangeiros estão analisando amostras recolhidas dos animais infectados para o estudo virológico.
– Todas as possibilidades estão sendo consideradas - disse, lembrando que esta é apenas uma hipótese, reforçada por alguns sintomas que os animais doentes apresentaram. Caso se confirme, a situação ficará ainda mais complicada, pois todo o rebanho vacinado pode ser suscetível à contaminação.
O criador Antônio Basílio Astorini, em cujo sítio foi constatado o segundo foco suspeito de aftosa, denunciou ontem o contrabando de gado do Paraguai para fazendas do Mato Grosso do Sul. Segundo ele, criadores e comerciantes atravessam o gado paraguaio para o lado brasileiro para vender por quase o dobro do preço. Foi assim, acrescenta o pecuarista, que parte de seu plantel pode ter adquirido a febre aftosa. O sítio de Astorini fica em Japorã e foi interditado pelo Iagro.
Possíveis causas do foco
• O vírus poderia ter vindo do Paraguai, país que sofre com problemas com aftosa, em algum caminhão que foi até a Fazenda Vezozzo.
• As vacinas não teriam sido aplicadas com a freqüência devida e, assim, o rebanho teria ficado vulnerável.
• As
vacinas teriam sido aplicadas corretamente, mas não
teriam seguido as condições necessárias de temperatura, higiene ou tamanho da dose, perdendo o efeito de imunização.
• O vírus teria sido inoculado propositalmente como forma de prejudicar o Brasil enquanto mercado exportador de carne. Poderia ter sido desenvolvido em laboratório ou coletado em rebanhos contaminados de outro país.
• Uma mutação do vírus, que ficaria resistente à vacina.
Fontes: Luiz Alberto Pitta Pinheiro, José Euclides Severo, ministro Roberto Rodrigues e Secretaria da Produção e Turismo de MS
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