| 27/09/2005 11h56min
A bancada do PT na Câmara Federal volta a minguar nesta terça. Anunciaram a saída do partido os parlamentares Chico Alencar (RJ) e Maninha (DF). Com essas novas baixas, a legenda conta com 84 deputados na Câmara Federal. Antes da crise, o partido possuía a maior bancada com 88 integrantes. Depois que as desfiliações forem formalizadas na Mesa da Câmara, o PT deixará oficialmente de ter a maior bancada, que passará a ser do PMDB.
Assim como os demais colegas, Alencar e Maninha vão se filiar ao PSOL. Os deputados Ivan Valente (CE), Orlando Fantazzini (RS) e João Alfredo (CE) também já deixaram o PT. Valente explicou que resolveu mudar de partido porque o PT fez uma opção pelo capital financeiro. O partido, segundo ele, escolheu um modelo econômico que manterá a maioria da população excluída.
O deputado adiantou que votará no deputado Aldo Rebelo (PCdoB-AL) na eleição para a presidência da Câmara, embora a bancada do PSOL ainda não tenha definido quem apoiará na disputa. Ivan Valente explicou que todos estão se filiando ao Psol para ajudar a construir o partido.
Já a deputada Maninha comparou sua saída do PT ao fim de um casamento:
– Continuamos apaixonados, mas as brigas são tão freqüentes que impedem o casamento de prosseguir – afirmou.
Ela lembrou que suas divergências com orientações do partido já são antigas. Maninha assinalou que sua filiação ao PSOL tem o objetivo de consolidar uma alternativa política para a esquerda. Ela acredita que o PT esgotou todas as possibilidades de mudança em razão da eleição interna, cujos resultados do primeiro turno já apontam para uma vitória da corrente Campo Majoritário, que comanda o partido atualmente. Ela não quis adiantar seu voto na eleição da Câmara e disse que vai aguardar a decisão do PSOL.
O deputado Chico Alencar explicou que muda de partido para manter seus princípios:
– É muito duro deixar a casa onde nasci. Saio do PT para continuar petista – afirmou o parlamentar, referindo-se aos princípios do petismo histórico, que, em sua opinião, têm sido esquecido pela atual direção do partido.
Orlando Fantazzini (SP) explicou que a maioria conquistada pelo Campo Majoritário no Diretório Nacional inviabiliza a permanência no partido da ala esquerda, mesmo que todas as correntes de esquerda se unam para eleger um candidato de oposição para a presidência do PT, no segundo turno.
– A eleição interna do partido era a última trincheira para fazer o esforço de convencimento de mudança nos rumos do governo Lula. Nós perdemos essa batalha, mas uma batalha não significa uma derrota. A guerra contra o imperialismo do capital não vai ser mais no PT, vai continuar no PSOL – disse Fantazzini.
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