| 14/09/2005 19h53min
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu quebrar a inércia e anunciou no início da noite de hoje a redução da taxa de juros para 19,5% ao ano. Com o corte de 0,25 ponto percentual, após três meses consecutivos de manutenção, a Selic atinge o mesmo patamar do mês de abril. A decisão foi unânime e sem viés, ou seja, a taxa só pode ser alterada na reunião de outubro. Após três horas de reunião, o comitê justificou que a flexibilização da política monetária neste momento não compromete as conquistas obtidas até agora no combate à inflação.
O corte nos juros era mais do que esperado pelo mercado, que só não era unânime se a redução seria de 0,25 ou 0,5 ponto percentual. A decisão de hoje está de acordo com o último Boletim Focus – pesquisa relizada semanalmente pelo BC com cerca de cem instituições financeiras –, que indicou uma redução menor nos juros, apesar de prever uma inflação mais baixa.
Fazendo coro com o setor produtivo, até mesmo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que costuma não palpitar sobre as decisões do Copom, defendeu a baixa da Selic. Durante discurso na abertura da 39ª Convenção Nacional de Supermercados, no dia 5 de setembro, em São Paulo, o presidente assegurou que "agora que a inflação está definitivamente controlada, os juros devem começar a cair".
– Obviamente nós entendemos que os juros, agora, têm que entrar numa rota diferente do que se fez até agora, porque a inflação me parece que está definitivamente controlada – garantiu Lula naquela data.
Uma semana depois, no dia 12, era a vez do presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Guido Mantega, afirmar que já existiam condições para a queda da Selic. Segundo Mantega, a trajetória de queda dos índices de inflação já apontaria para uma redução dos juros na reunião de setembro do Copom.
Para o consumidor, no curto prazo, o efeito da redução dos juros anunciada hoje será mínima. Se a taxa básica continuar caindo, ainda que lentamente, nos próximos meses, é provável que o crédito fique mais abundante e barato para as compras de Natal.
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