| 02/01/2002 07h44min
A conversão das dívidas em dólar para pesos – pesificação – e um pequeno recuo na moratória decretada pelo ex-presidente Adolfo Rodríguez Saá devem ser os principais pontos do pacote econômico do novo governo argentino. Eduardo Duhalde reuniu uma respeitada equipe de economistas, como o deputado Jorge Remes Lenicov, cotado para o Ministério da Economia.
O governador da província de Buenos Aires, Carlos Ruckauf, confirmou, no início da noite de ontem, dia 1º, que Duhalde já encomendara a Lenicov um plano econômico e emergência. A pesificação seria a principal idéia. A conversão de todas as dívidas e contratos em dólares para pesos é considerada uma etapa prévia à desvalorização.
Há controvérsias sobre o futuro do regime cambial: pode ser adotada a flutuação, mas há economistas que defendem a adoção de bandas para controlar a desvalorização. A medida é necessária porque cerca de 85% das dívidas dos argentinos estão contratadas em dólar, como hipotecas, aluguéis e empréstimos.
Para a dívida externa, a idéia é suavizar o calote unilateral. A moratória seria mantida, mas com início imediato de negociações com organismos internacionais e investidores. O objetivo é buscar uma solução que permita ao país, depois de fortes reduções de juros e do valor principal, e possivelmente um ou dois anos de suspensão dos pagamentos, voltar à normalidade. Integrantes do novo governo poderiam embarcar nos próximos dias para os Estados Unidos para conversar com funcionários do Fundo Monetário Internacional (FMI) e outros organismos.
Está sendo estudada a solicitação de um empréstimo de até US$ 15 bilhões. O grande desafio será diminuir as restrições à movimentação bancária. Está previsto o retorno ao governo de Daniel Marx, negociador da dívida. Outros integrantes da equipe seriam os economistas Alejandro Mayoral e Roberto Lavagna. Entre as medidas, também estaria a emissão extra de 3 bilhões de Lecops (bônus do governo federal) e crédito facilitado para pequenas e microempresas. Com isso, fica afastada a criação de uma nova moeda, um dos planos do ex-presidente Rodríguez Saá.
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